Uma das mulheres aceitou vir para Portugal, acompanhada pela filha e pelo neto bebé, num autocarro a partir da Polónia, numa tentativa de escapar à guerra.
A Amnistia Internacional resgatou refugiadas ucranianas que estariam a ser sujeitas a exploração laboral em Portugal. Aconteceu no centro do país e a Amnistia acredita que não será caso único.
Uma das mulheres aceitou vir para Portugal, acompanhada pela filha e pelo neto bebé, num autocarro a partir da Polónia, numa tentativa de escapar à guerra. Quando a família chegou ao país, disseram-lhe que lhes arranjavam um trabalho fácil e habitação gratuita durante os primeiros meses, mas não foi nada disso que aconteceu.
Segundo o jornal Público, as mulheres tinham de fazer trabalho árduo e mais horas semanais do que aquelas que são permitidas por lei. Além disso, a renda da casa onde ficaram era-lhes descontada diretamente no ordenado.
Pedro Neto, diretor executivo da Amnistia Internacional em Portugal, conta que, se as mulheres desistissem do trabalho, eram expulsas de casa.
As pessoas eram submetidas a uma enorme pressão para cumprir certos horários, para fazerem todos os trabalhos que eram impostos. Pessoas que não conhecem nada, não falam a língua e ficaram com bastantes receios”, explicou à TSF Pedro Neto.
Depois da intervenção da Amnistia, as refugiadas foram resgatadas do local, mas Pedro Neto não duvida que existam mais situações idênticas.
“Conseguimos localizar as senhoras e encaminhámos também este caso às autoridades para que possam fazer a investigação necessária, uma vez que nos pareceu que podem existir mais casos. Cabe às autoridades fazer essa investigação”, revelou o diretor da Amnistia Internacional em Portugal.
O responsável sublinha que o tráfico humano e a exploração laboral são um fenómeno dramático e que os refugiados estão mais vulneráveis a este tipo de situações. Por isso, apela à denúncia sempre que existam suspeitas fundamentadas.
“Todas as pessoas que conheçam casos de exploração laboral, potencial exploração laboral ou tráfico de seres humanos não devem deixar de alertar as autoridades”, acrescentou Pedro Neto.
Os maiores focos de exploração laboral no país, de acordo com a Amnistia Internacional, são os trabalhos agrícolas e sazonais, mas também acontecem em contexto empresarial. A Polícia Judiciária está a investigar casos de exploração laboral e sexual, avança ainda o Público.
O SEF também confirmou ao jornal que recebeu 22 denúncias por alegados crimes de tráfico de pessoas. Já a autoridade para as condições do trabalho garante não ter conhecimento de qualquer caso de exploração de refugiados ucranianos.
Rita Carvalho Pereira com Cátia Carmo / TSF