09.5.2024 –
Percurso foi aprovado em novembro pela Agência Portuguesa do Ambiente. Estudos da fase entre Coimbra e o Carregado vão chegar a consulta pública na segunda metade de 2024.
O concurso para a segunda parceria público-privada (PPP) da linha de alta velocidade entre Porto e Lisboa deve arrancar a 15 de julho. É essa a intenção manifestada pela Infraestruturas de Portugal (IP) para o troço entre Oiã, em Aveiro, e Soure, a sul de Coimbra, que faz parte da primeira fase da nova linha ferroviária.
A intenção, avançada pelo “Dinheiro Vivo”, foi anunciada no Jornal Oficial da União Europeia a 29 de março – da mesma forma que foi anunciado o concurso da parceria público-privada para o troço entre a estação de Campanhã, no Porto, e Oiã, cujo prazo de entrega de propostas termina a 13 de junho.
Em causa está, tal como na primeira PPP, a construção de 71 quilómetros de uma linha dupla, em bitola ibérica, com uma velocidade máxima de 300 km/h. Como já é hábito nas obras ferroviárias em Portugal, a construção da linha é feita com travessas polivalentes, para facilitar uma hipotética transição para a bitola europeia que seja acertada com Espanha.
Esta segunda PPP inclui ainda a construção de 34 km de ligações entre a linha de alta velocidade e a Linha do Norte, a adaptação da estação de Coimbra B e a quadruplicação da Linha do Norte na zona sul de Coimbra. Segundo o projeto que recebeu aprovação ambiental em novembro de 2023, são ainda necessárias 17 pontes, 11 viadutos, quatro túneis, 26 passagens rodoviárias inferiores e 33 passagens superiores.
Tal como na primeira PPP, o concurso implica a concessão da infraestrutura durante 30 anos, em que cinco são dedicados à conceção, projeto, construção e financiamento. Durante os restantes 25 anos, a concessionária é obrigada a manter e disponibilizar a linha à IP.
Em janeiro, o traçado da linha em Coimbra foi ajustado a pedido do município, permitindo “poupar a totalidade” da Quinta das Cunhas – uma localidade que ia ser atravessada pela linha.
De acordo com as últimas informações da IP, o troço entre Oiã e Soure vai custar 1.751 milhões de euros, e pode vir a contar com 395 milhões de euros de fundos europeus do Mecanismo Interligar a Europa, aos quais Portugal se candidatou no final de janeiro.
Segunda fase chega a consulta pública na segunda metade de 2024
A mudança de Governo não está a afetar o ritmo do projeto da alta velocidade ferroviária em Portugal. À medida que o prazo do primeiro concurso se aproxima, preparam-se os passos seguintes – os estudos para a segunda fase da linha, entre Soure e o Carregado, vão entrar na fase de consulta pública na segunda metade do ano.
A alta velocidade também está a avançar a norte do Porto. Em abril, a IP contratou os estudos ambientais para a linha que vai ligar o Porto à fronteira com Espanha em Valença – permitindo a chegada a Vigo e a ligação da alta velocidade portuguesa com a espanhola.
A IP também tem avançado com contratos para alterações às estações onde já se sabe que os comboios de alta velocidade vão poder parar. Exemplo disso é a Estação do Oriente, em Lisboa, que volta a ter em projeto a ampliação de oito para 11 linhas, entre outras adaptações.
A abertura da primeira fase da linha de alta velocidade entre Porto e Lisboa, com um custo previsto de 3,7 mil milhões de euros, está prevista para 2030. A segunda fase deve abrir à operação em 2032 – reduzindo a viagem entre Porto e Lisboa para 1h20.
Com as duas fases em operação, a IP diz que será possível realizar 60 serviços por dia na linha de alta velocidade. Entre esses, 34 podem ser serviços híbridos, que usam a linha de alta velocidade e a rede convencional para chegar a outras cidades.
João Pedro Quesado/RR