Eco-avião israelita mede 12 metros, tem três baterias, produz zero emissões e foi construído para distâncias até pouco mais de mil quilómetros. Pode subir até 10 mil pés e transportar nove passageiros. A portuguesa Almadesign começou por desenhar a cabine e terminou a criar todo o interior, tudo o que está à vista, dos bancos ao painel de instrumentos. Com a ajuda de outras empresas nacionais.
Alice é o nome de batismo. Parece um foguete. Mede 12 metros. Tem três hélices, duas delas em cada uma das longas e aerodinâmicas asas, pás coladas em sentido contrário ao vento. E outra está na cauda, igualmente virada para trás. É uma aeronave totalmente elétrica, com três motores elétricos, construída maioritariamente a partir de materiais compósitos (95%) e movida a bateria (com um peso de 3500 kg), da qual resultam zero emissões. É capaz de transportar até nove passageiros e tem uma autonomia de 600 a 650 milhas (cerca de 1000 quilómetros) a uma velocidade de 260 nós (440 km/h). E pode subir até 10 mil pés (três mil metros de altitude).
Foi apresentada pela empresa israelita Eviation na 53.ª Edição do Paris Air Show, em Le Bourget, evento que decorreu no final de junho e durante o qual esta startup celebrou um contrato com a Cape Air, companhia de aviação regional norte-americana que opera em 35 destinos nos EUA e nas Caraíbas.
Esta forma de mobilidade verde pelo ar permite não só uma considerável poupança em relação ao preço da aviação comercial (70% afirmaram os seus responsáveis), como também “vai redefinir a forma como as pessoas viajam a nível regional e dar início a uma nova era em que voar será mais calmo, mais limpo e com maior eficiência de custos”, afirmou o Omer Bar-Yohay, CEO da Eviation, citado pela Reuters.
Mão portuguesa no futuro da aviação
“Esta aeronave não é um futuro talvez. Está aqui, pronto e à espera”, sublinhou Omer Bar-Yohay na apresentação aos jornalistas, em Paris. À espera da Alice está, no decurso deste ano, um teste, no Arizona (EUA). Deverá, depois, passar pelo crivo das autoridades (Administração Federal de Aviação norte-americana), e, de seguida, a construção arranca em 2021 e as entregas um ano depois.
Preparada igualmente para entrar para a história na indústria aeronáutica e na mobilidade está uma empresa portuguesa. “Fomos convidados (pela Eviation ), inicialmente, para desenhar somente a cabine”, desvendou Rui Marcelino, CEO e Design Manager na Almadesign, empresa com sede em Paços de Arcos.
“Não faria sentido ter propostas diferentes entre cabine, cockpit e o resto”, continuou. Por isso não se ficaram por uma simples assinatura no eco-avião. “Fomos, depois, desafiados a desenhar e apresentar uma proposta tridimensional e construir todo o interior, pelo que tivemos que recorrer a parceiros portugueses (de engenharia, têxteis e iluminação)”. E esse todo “passou pela casa de banho, cadeiras, banco do piloto, consolas laterais, painel de instrumentos. Tudo o que está à vista, a iluminação, cores, materiais e acabamentos, foi feito por nós,”, elencou Rui Marcelino que se apresentou aos israelitas como “uma startup com 23 anos”.
Madremedia