Agricultores do Vale do Mondego indignados com reviravolta da decisão do Ministério da Agricultura sobre pagamentos ligados ao milho, no âmbito das ajudas da PAC, apelam ao envolvimento dos Presidentes das Câmaras Municipais de Coimbra, Montemor-o-Velho e Soure na defesa dos interesses da agricultura do Mondego.
O Vale do Mondego é caracterizado por uma estrutura fundiária de pequena dimensão, envolvendo cerca de 1.500 agricultores, que possuem explorações com uma área média a rondar os 5 hectares.
Como é por todos reconhecido, esta região foi particularmente afectada pelas inundações de 2016, os incêndios de 2017, o Leslie em 2018 e as cheias do final de 2019, que tornaram a agricultura nesta zona extremamente difícil.
Como se não bastassem estes fenómenos naturais devastadores, a convergência adotada na última reforma da PAC, que se iniciou em 2013, traduziu-se numa quebra de ajudas ao rendimento dos produtores de milho na ordem dos 30%, ao longo dos últimos 7 anos.
Mas os homens do Mondego são caracterizados pela sua perseverança e apesar de todos estes obstáculos, souberam erguer-se e manter a sua actividade produtiva.
Actividade esta, fundamental à alimentação dos nossos concidadãos, mas também para o ordenamento e o desenvolvimento sócio-económico deste território, cada vez mais despovoado e desertificado.
Perante um cenário de negociação da próxima reforma da PAC, onde a Sra. Ministra da Agricultura pretende acelerar a convergência interna das ajudas a 100%, até 2027, traduzindo-se os diversos cenários construídos pelo Ministério numa quebra de ajudas ao rendimento superior ao da antiga reforma, foi com especial satisfação que acolhemos o anúncio efetuado em meados do mês de Junho pela Sra. Ministra de estabelecer um pagamento ligado para o milho, já em 2022, que de certa forma mitigava as perdas anunciadas com a convergência interna, já iniciada em 2021 (minuto 05:20) https://www.youtube.com/watch?v=GZgU7FYFoBA,
Finalmente os agricultores do Vale do Mondego tinham sido ouvidos e este apoio iria permitir-lhes equilibrar a tesouraria das suas explorações, tão afetadas nos últimos anos.
Ninguém ia ser deixado para trás!!!
Foi assim com enorme perplexidade que nos últimos dias tomámos conhecimento que afinal esta decisão ia ser revertida e que o anúncio público efetuado, há tão-somente um mês, não ia ser implementado.
Os homens do Mondego são homens simples, mas são homens de palavra, que vêem pois com grande indignação não se honrar um compromisso assumido, pelo que apelam à Sra. Ministra que reveja a posição do seu Ministério e que faça cumprir o que anunciou publicamente.
Estando certos que o bom senso vai imperar e que esta medida vai ser aplicada, apelamos também aos Presidentes das Câmaras Municipais da Região do Mondego (Dr. Manuel Machado, Dr. Emílio Torrão e Dr. Mário Jorge Nunes) que defendam os seus munícipes e que tudo façam para tornar uma realidade a implementação desta ajuda, já em 2022, tão importante para os agricultores desta região.
Por último, não podemos deixar de realçar que ao que fomos informados, esta medida foi aprovada pela Comissão Europeia, há cerca de 15 dias, após um longo período de negociações, pelo que a nossa perplexidade quanto à sua reversão é assim ainda maior.