Agência de emprego para deficientes recebe 1.400 candidaturas em menos de três meses

Cerca de 1.400 pessoas com deficiência inscreveram-se na agência Valor T à procura de um emprego em menos de três meses de existência, o que representa uma média de quase 17 pessoas por dia.

A Valor T é um projeto da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML), desenvolvido em pareceria com o Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP) e o Instituto Nacional para a Reabilitação (INR), que se assume como um centro de emprego exclusivo na procura de ofertas de trabalho para pessoas com deficiência, avaliando as competências e as características de cada candidato para encontrar o trabalho que melhor se lhe adapte.

Qualquer pessoa com deficiência, seja ela motora, intelectual, visual ou auditiva, e com interesse em tentar encontrar emprego através da Valor T deve aceder à plataforma (www.valort.scml.pt) e inscrever-se.

Em declarações à agência Lusa, a responsável por esta unidade de missão da SCML adiantou que desde o dia em que foi divulgada publicamente, a 01 de maio, a plataforma já recebeu cerca de 1.400 candidaturas, o que, contas feitas, significa que, em média, 17 pessoas com deficiência por dia fizeram essa inscrição.

“Não fazíamos ideia, abrindo a plataforma, de quantas pessoas se iriam registar, mas o que aconteceu foi que efetivamente (…) passadas duas, três semanas nós já tivéssemos cerca de 500 pessoas, número esse que foi aumentando em cada semana e que fez com que, atualmente, nós tenhamos cerca de 1.400 pessoas registadas na plataforma”, adiantou Vera Nunes, salientando que a plataforma foi construída de raiz.

Sublinhou que o objetivo é procurar “a capacidade, do talento, do que a pessoa tem de competências para exercer” e que é esse o foco do trabalho que a equipa da SCML está a realizar.

A responsável apontou que desde o início era intenção ter uma plataforma “muito acessível” para qualquer pessoa, fosse qual fosse a deficiência que ela tivesse e que toda a gente conseguisse aceder em igualdade de circunstâncias.

“O facto de em tão pouco tempo termos tantos registos é o primeiro objetivo concretizado”, salientou, justificando esse fenómeno com a vontade que as pessoas com deficiência têm em encontrar um trabalho.

De acordo com Vera Nunes, a fase atual é a de analisar candidaturas e contactar as pessoas que se inscreveram, muitas vezes com recurso a entrevistas remotas, ao mesmo tempo que estão a analisar os registos das entidades empregadoras.

“Cerca de metade das pessoas registadas já estão numa fase de avaliação, estamos agora a iniciar uma fase de dar continuidade ao processo de conhecimento e avaliação das pessoas, mas sendo certo que já apoiamos muitas centenas para passarem para esta fase da avaliação”, adiantou.

Entre as pessoas inscritas, “há uma maioria clara na deficiência motora”, mas também “um registo muito substantivo na área da deficiência visual, além de pessoas com deficiência intelectual ou casos de deficiências adquiridas ao longo da vida.

A responsável acrescentou que dentro das cerca de 700 pessoas que já iniciaram avaliação, a Valor T já fez o contacto com cerca de 200.

Relativamente às empresas, a responsável afirmou que tem havido uma “muito boa recetividade” de diferentes grupos empresariais e de várias áreas de negócio, desde a distribuição à hotelaria ou empresas de Tecnologias de Informação ou seguradoras.

O número de empresas “vai crescendo todos os dias”, não só da parte de “grandes grupos”, como pequenas e médias empresas, o que leva Vera Nunes a apelar a todas as empresas a procurarem esta unidade de missão da SCML para as ajudar “no caminho” da contratação de pessoas com deficiência.

“Temos cerca de cem empresas, e estou a falar de grupos que depois podem ter dentro várias empresas”, revelou.

Vanda Nunes sublinhou ainda que o apoio da Valor T não termina na contratação, sendo antes “um novo ponto de partida” para a integração das pessoas e no apoio à entidade empregadora.

Por outro lado, a secretária de Estado para a Inclusão das Pessoas com Deficiência salientou que o apoio estatal é sobretudo visível através do trabalho dos centros de recursos ao emprego e a consultoria do INR, por exemplo no apoio a entrevistas a pessoas surdas ou cegas.

Ana Sofia Antunes disse esperar que esta ferramenta “permita a partir do final do ano começar a ver os números das pessoas com deficiência inscritas nos centros de emprego a decrescer”.

“Eles estiveram a decrescer sempre até 2019, em 2020 cresceu por razões óbvias, e se eu conseguir ver novamente a tendência a inverter e no final do ano tiver menos pessoas [desempregadas] do que tinha no final de 2020, eu estarei contente”, afirmou.

Lusa