Tiraram a lancha, o telemóvel, o dinheiro e os materiais da missa ao religioso mas, bons cristãos, não lhe tiraram a vida.
Um padre seguia no seu veículo da cidade de Muaná, onde mora, para a igreja de São Sebastião da Boa Vista, onde ia celebrar missa, quando foi assaltado, à passagem pela aldeia de Jararaca, por dois ladrões noutra viatura que o impediram de seguir e ordenaram que saísse.
Sucede que, como tudo isto se passou em cidades da paraense Ilha do Marajó, separada pelo continente pelo Delta do Amazonas, os veículos em causa eram lanchas e, ao ser obrigado a sair da sua, o padre ficou à deriva no mar.
E os assaltantes, além da lancha, do telemóvel, de 500 reais e do material usado na eucaristia, ainda levaram o colete salva-vidas do religioso.
Por 15 minutos, o padre aguentou-se à tona da água mas, cansado, começou a fraquejar. E, segundo ele, a orar a Deus para que o ajudasse naquele momento limite.
Nessa altura, vê aproximar-se uma lancha na sua direção. Eram os ladrões.
Lá de dentro ouve: “Mas tu é padre mesmo?”.
Após a resposta afirmativa, os criminosos puxaram-no para dentro da sua lancha, levaram-no até um barquinho que passava e pediram ao pescador para levar o padre são e salvo até à margem.
Seguiram viagem, com os pertences do padre roubados, mas de consciência tranquila por, pelo menos, lhe terem salvo a vida.
O padre, Mateus Tavares dos Santos, perdeu a lancha, telemóvel, dinheiro e material da missa mas viu a sua fé em Deus sair renovada da aventura.
(O correspondente da TSF em São Paulo, João Almeida Moreira, assina todas as quintas-feiras a crónica Acontece no Brasil.)