A mudança de nome é mais um passo na renovação do partido e da sua mensagem nacionalista. O presidente do Ergue-te, José Pinto-Coelho exemplifica: “A Nação está cada vez mais moribunda. Uma Nação que não tem uma dívida externa equilibrada não é livre, é sempre escrava”.
Ergue-te, é assim que se chama, a partir de hoje, o PNR – Partido Nacional Renovador, uma alteração que surge no seguimento do reposicionamento que o partido tem vindo a definir desde 2013. “Antigamente, infelizmente, isto era uma manta de retalhos, um saco de gatos, havia nacionalistas para todos os gostos e feitios. Com o nacionalismo renovador reposicionámos a mensagem sem trair os fundamentos, mas este é um nacionalismo de Portugal e para o século XXI”, diz o presidente do partido, José Pinto-Coelho.
Para Pinto-Coelho, “nacionalismo renovador para o século XXI” é “um nacionalismo que saiba compreender os tempos actuais e que saiba pôr o foco naquilo que é essencial para a nossa sobrevivência enquanto nação; garantir a nossa identidade, os nossos valores, mas reconhecer que estamos num mundo em permanente mudança. Os nacionalismos de há 70 ou 80 anos – ainda há alguns, infelizmente – já não funcionam, já passaram. Temos de ter os pés assentes no chão e perceber que vivemos num mundo cada vez mais global e multicultural e que a mobilidade e a velocidade da informação são incontornáveis. Estes desafios já não se coadunam com os nacionalismos com tendências imperialistas”, afirma.
Por isso, diz, foi feita uma “limpeza no partido” e o nome foi substituído. A alteração começou a ser pensada no final de 2018 e em 2019 José Pinto-Coelho anunciou-a numa entrevista que deu ao SAPO24 em véspera de eleições legislativas. Agora, o Tribunal Constitucional (acórdão n.º371/20, de 10 de Julho) veio aprovar a mudança.
A alteração da denominação e do logótipo foram aprovadas por unanimidade pelo conselho nacional em novembro de 2019, não só pelas constante confusões que existiam com a sigla, como pela necessidade que há anos se sentia de a modernizar e de concretizar numa palavra tudo aquilo que o partido pretende representar. Ergue-te significa algo como acorda, desperta, vai à procura de soluções.
Em breve o Ergue-te terá novos órgãos sociais, já que no final do ano irá realizar a sua 7.ª Convenção. José Pinto-Coelho diz que o partido continua a fazer remodelações internas, apesar de admitir que com falta de meios e poucas pessoas – “não há milagres, as pessoas não têm coragem, não estão dispostas a arriscar” – é mais difícil obter bons resultados eleitorais.
Nas últimas eleições, em outubro do ano passado, o partido conseguiu apenas 17.126 votos (0,33%). José Pinto-Coelho admite a “pancada tremenda” e o “golpe dolorosíssimo”, mas garante que o Ergue-te irá renascer das cinzas, “desistir não está no nosso dicionário”. “Temos uma coisa que mais ninguém tem: uma resiliência à prova de bala. Não há políticos ou militantes ou partidos capazes de sobreviver, como nós, com a total carência de meios. Podemos não ter nada, mas lutamos porque acreditamos. Vamos sempre dizer a verdade, doa a quem doer”.
Afinal, o que combatem e em que é que acreditam? “Acreditamos no nacionalismo, que é o primado da nação. Para os liberais, tudo se subordina à economia, para os socialistas, o primado é o igualitarismo, a coletivização dos bens de produção, para o PAN são os animaizinhos, a natureza. O primado nacionalista é a nação, que implica todo um património histórico-cultural, uma identidade. E, num mundo cada vez mais globalizado, ser nacionalista é muito difícil. Acreditamos que vai haver um colapso mundial, que esta nova ordem, que privilegia os grandes interesses instalados, acaba por subjugar as pessoas pelo medo, por privá-las da sua liberdade e dos seus direitos”.
O presidente do Ergue-te acredita que “a era das nações foi substituída para era da globalização e a era da globalização está a dar péssimos resultados a vários níveis, tanto assim que vários tipos de nacionalismo estão a surgir por todo o mundo como reação natural a esta amálgama, que não é nada”.
E a conversa leva-nos ao Estado da Nação, que será debatido esta sexta-feira na Assembleia da República. “O estado da Nação vai de mal a pior e isto vai dar um grande estoiro”, antecipa o presidente do Ergue-te. E explica porquê: “O governo do PS anda a empurrar com a barriga… Tem tido um conjunto de sortes desde que António Costa é primeiro-ministro, beneficiado de conjunturas nacionais e internacionais – e até com esta coisa do vírus chinês acaba por ter sorte, porque a incompetência desta malta fica mais oculta. Mas isto vai dar um estoiro muito grande, vai doer a muita gente. A Nação está cada vez mais moribunda. Do ponto de vista económico, temos uma dívida externa cada vez maior, estamos cada vez mais escravizados. Justamente, o nacionalismo tem a ver com tudo isto, uma nação que não tem uma dívida externa equilibrada não é livre, é sempre escrava. Portugal é cada vez mais um país miserável, descaracterizado e invadido”.
Isabel Tavares / Madremedia
Imagem: Ergue-te