A Comissão Independente para o Estudo dos Abusos de Menores na Igreja (CIEAMI) confirma que todos os casos que chegaram ao Ministério Público envolvem padres ainda no ativo.
Num balanço ao Público sobre os seis meses de trabalho, Pedro Strecht, pedopsiquiatra e coordenador da Comissão Independente para o Estudo dos Abusos de Menores na Igreja (CIEAMI), avança que, dos testemunhos de abusos sexuais validados, 17 casos seguiram para o Ministério Público.
Além disso, todos estes casos envolvem padres que ainda estão no ativo.
Questionado sobre a possibilidade de a Igreja afastar estes padres, Pedro Strecht lembrou que “se de verdade houver indícios suficientes, a própria Igreja, pela lei canónica, pode avançar independentemente do direito civil. Desde que o queiram”.
“São, no geral, situações extremamente difíceis de provar e em que muitas delas podem dizer respeito a coisas que aconteceram, por exemplo, há dez anos. Aliás, mesmo sobre situações em que já tenha prescrito a prova ou em que já não exista prova considerada fundamental, isso não significa que não se possa ter uma atitude de redobrada vigilância ou até de confronto com o alegado abusador para que o próprio possa explicar e defender-se”, apontou.
No total, a Comissão validou cerca de 336 depoimentos. Contudo, o coordenador da CIEAMI admite que os casos possam chegar aos 1500, sendo este um “número mínimo”.
“Não queremos agora dar um número seguro [de casos em Portugal], que já temos, até porque ainda vão chegar mais testemunhos e porque há também muita coisa que ainda temos em estudo dentro dos vários critérios”, adiantou ainda.
Madremedia