Abastecimento de água
Mira…
Hoje não é possível abordar qualquer tema sem ter em conta considerações de ordem política, pois tudo é politizável e politizado. E isso não será anormal (e é até salutar), numa sociedade democrática e civilizada. Todavia, ou faz-se política (politiquice) com meias verdades e mentiras; ou faz-se política com a verdade dos factos. A primeira forma é condenável; a segunda é fundamental. Não pretendemos ser os únicos detentores da verdade, mas procuramos abordar os temas dentro dum princípio de “lealdade” e factos concretos e não com subterfúgios e oportunismos.
No Portugal democrático o PS esteve à frente da Câmara Municipal durante 16 anos, tempo que modificou positivamente o concelho. Não devemos esquecer que o PSD esteve (está) à frente da Câmara Municipal há cerca de 24 anos. Temos orgulho das conquistas do PS para o concelho de Mira, assumimos todas as nossas responsabilidades, mas não aceitamos responsabilidades políticas que cabem a outros. Tem de haver uma estratégia bem definida para o concelho e que todos assumam. Contudo, quem gere tem de ser responsável e ao fazer escolhas tem de respeitar as prioridades. O caso do abastecimento de água foi, é e será, sempre prioritário.
Quando os elementos do PS chegaram à Câmara em 1994 encontraram o concelho sem água ao domicílio em cerca de 50%. Com efeito, muitas povoações viviam de poços e furos, nomeadamente a Corujeira, Ramalheiro, Cavadas, Colmeal, Lentisqueira, Leitões, Arneiro, Cabeço Redondo, Corticeiro, Carapelhos, Zona Industrial e Marco Soalheiro. Além disso, algumas povoações já abastecidas detinham más condições. Fruto de um enorme esforço de investimento, a gestão socialista conseguiu que a água ao domicílio apresentasse níveis de praticamente 100%, ficando aquelas populações abastecidas com água de qualidade. Mais tarde as gestões socialistas procederam a importantes intervenções, como a substituição de condutas antigas em vários locais, assim como obras de manutenção, de aquisição de nova maquinaria e de construção de novos equipamentos (ex. furo da Praia de Mira – que melhorou substancialmente a zona do nosso litoral).
Tal como tudo, é preciso manutenção e os materiais têm um tempo útil de vida, deste modo, existem sempre situações por resolver. É necessário continuar a executar obras de remodelação de condutas, alteração de maquinaria e manutenção de equipamentos. Esta forma de trabalho estava em curso, respeitando a estratégia geral para o Concelho quando o PS deixou a autarquia. Agora o executivo deve dar continuidade a esse trabalho, colocando este assunto nas suas prioridades e parar com as desculpas “inúteis” que não resolvem os problemas aos cidadãos. Sendo este assunto conhecido e tendo a câmara municipal o levantamento de todas as lacunas, é prioritário estar vigilante e continuar a programar e a realizar os investimentos indispensáveis.
Como sabemos, há poucos dias o tema da água foi notícia, pelos seus problemas, sobretudo no Casal de S. Tomé e Carromeu e com este executivo (quase a perfazer 2 anos de mandato) a atirar as culpas para as heranças. Julgamos ser fundamental que os atuais responsáveis políticos concentrem os nossos parcos recursos em assuntos prioritários, como o abastecimento de água. Então, é momento para questionar: as obras como a avenida de Mira e outros gastos são os mais prioritários? (…)
Mira e o país…
Aproveitamos também para focar as nossas atenções na proposta, feita pelo governo PSD/CDS-PP de aumento das tarifas da água no litoral do país, com argumento de harmonização das tarifas nacionais.
Esta proposta nasce da decisão sobre uma redução drástica do número de empresas regionais, de 19 para 5, e assim do emagrecimento do grupo águas de Portugal. Com esta redução o Governo diz poupar vários milhões de Euros, e que o seu objetivo principal é a harmonização das tarifas entre o Litoral e o Interior.
Questionamos: não deveria haver uma harmonização dos preços do Interior para o nível dos preços do Litoral? E deste modo manter a relação qualidade/preço do serviço prestado aos habitantes do Litoral bem como aumentar esta mesma relação no que toca aos habitantes do Interior?
Pois bem, o governo não pensa assim. Com esta estratégia vamos ter uma harmonização dos preços num nível médio superior ao existente, ficando assim, o consumidor médio Português a pagar mais pelo acesso à água, que é, não esquecendo, o bem mais essencial.
Será que isto é apenas mais uma “jogada” para aumentar o capital de uma empresa que ao longo dos últimos anos teve má gestão e está nas ruas da amargura? Esperar-se-ia que não, mas é o que mais parece. Afinal, solidariedade ou “negócio” da água?
O prazo de conversão das tarifas, indicado pela “reforma” do PSD/CDS-PP está apontado para os próximos 5 anos (2020),e espera-se que as tarifas no litoral sofram aumentos até 40%, deixando a nossa fatura bem mais cara do que é hoje em dia.
De referir ainda que alguns autarcas do nosso país já se revoltaram massivamente contra a proposta e ameaçam recorrer às instâncias judiciais. Deveremos também nós, no concelho de Mira lutar contra esta proposta? Naturalmente que sim. O que pensa o executivo camarário? (…)
Como o Interior também o Litoral carrega o desemprego e, também no Litoral o Governo corta serviços, abandona empresas por todo o lado e aumenta preços. Do Interior ou do Litoral foge gente perante “politicas à força do martelo”. Em suma, o Governo pretende aumentar a água para a maioria dos cidadãos. E a água, sendo um assunto de extrema importância é afinal mais um exemplo das más escolhas do Governo que, em nome da solidariedade mostra uma grande falta de sensibilidade.
Secretariado PS Mira