A coordenadora do BE defendeu hoje que “a política mudou porque o PS não teve maioria absoluta e porque cresceu a força da esquerda”, considerando que o primeiro-ministro “reconhece a derrota” do programa que levou a votos em 2015.
“Agora, o primeiro-ministro congratula-se com o aumento do salário mínimo e felicita-se com o descongelamento e aumentos extraordinários das pensões. Ainda bem. Ainda bem que houve força à esquerda para contrariar as medidas do Programa do PS que pretendiam precisamente o contrário”, disse Catarina Martins na abertura da XI Convenção Nacional do BE, que decorre em Lisboa.
Para a líder do BE, “a política mudou porque o PS não teve maioria absoluta e porque cresceu a força da esquerda”.
“Quando o primeiro-ministro festeja as atualizações automáticas e os aumentos extraordinário das pensões, reconhece a derrota do programa que levou a votos”, sustentou.
Lembrar 2015, segundo Catarina Martins, “é aprender a lição” de que “morreu o voto útil, renasceu a possibilidade de o povo impor o respeito”.
“Esta Convenção sabe, mas Portugal inteiro também sabe que as medidas de recuperação de pensões e de salários vieram do Bloco e de outras vozes de esquerda e não poderiam ter vindo de outro lado”, disse, voltando assim a apontar ‘baterias’ ao PS.
No dia em que passam precisamente três anos sobre a assinatura dos acordos que viabilizaram o Governo minoritário socialista, a líder bloquista considerou que estes “provaram que a histórica inclinação do Partido Socialista para se entender à direita não resultava de uma indisponibilidade da esquerda”.
“Só por essa evidência, estes três anos já teriam mudado a democracia para melhor e para sempre. Aquele voto com medo da direita e que preferia uma solução má a uma solução péssima, esse voto útil morreu. Paz à sua alma”, ironizou.
Na opinião de Catarina Martins, “o Governo tem em 2019 desafios colossais”, o primeiro dos quais que resulta da opção de o PS se ter juntado à direita na legislação laboral, deixando claro que “é tempo de acabar com essa vergonha e aprovar uma lei que protege os contratos, que impede a precariedade e que qualifica o trabalho”.
Acabar com as rendas da energia e cumprir o Serviço Nacional de Saúde são outros dos desafios colossais para a próxima legislatura.
Mas, se Catarina Martins apontou ao PS, também não deixou de fora as duras críticas ao PSD e CDS-PP, porque “lembrar 2015 é também reviver o sufoco institucional provocado pelo poder absoluto”.
“Um Governo, uma maioria, um Presidente, esse velho sonho da direita foi o pesadelo do nosso povo”, condenou.
Uma “economia destruída, desemprego e emigração em massa, privatizações ruinosas, um sistema financeiro preso por um fio, uma democracia descredibilizada por anos de promessas quebradas” é a descrição que Catarina Martins faz do estado em que estava o país em 2015, no “fim do tempo do governo PSD-CDS”.
A líder bloquista também deixou um recado “a quem pensa que o sucesso do Bloco é um mistério”: “nós existimos porque somos necessários, porque somos esse povo que luta”.
Lusa