Chama-se Juan Pato, tem 36 anos de idade, é de Ílhavo e reside em Portomar. Basicamente, esta a apresentação deste homem que, herdando do avô o amor pela pesca (está nos genes, pois tem um irmão que também compete), lança-se ao mar sempre que há possibilidade (como quem diz, quando o tempo assim o permite…) na zona da Galega, cerca de 16 milhas a norte da Barra de Aveiro.
O Jornal Mira Online foi conversar com este atleta de alta competição que, no ano de 2016, acabou por se sagrar vice-campeão nacional com os mesmos pontos do campeão e que leva muito a sério um desporto que tantos desdenham pelo país fora.
Assumidamente “competitivo”, Juan Pato costuma dizer a toda a gente que “uma competição de Pesca Embarcada começa a ser ganha… em casa!”. Sim, para ele, o facto de se obter bons resultados no mar vem do trabalho feito em casa, onde escolhe as linhas e prepara iscos, por exemplo. Tal como um atleta de um outro desporto qualquer – diz ele – a pesca embarcada também exige uma força física e, principalmente, mental , que não pode ser descurada…
Mas, como começou tudo isto?
Pedreiro desde os 16 anos, seu “único vício sempre foi e sempre será a pesca”. Incentivado a fazer as suas pescarias desde pequeno pelo avô, há 6 anos atrás foi desafiado a sair da pesca mais tranquila para aventurar-se em alto mar. Tendo começado no Clube Naval Portuense (Porto), logo foi apanhado pelo bichinho”.
Juan Pato rapidamente chegou à Seleção Nacional, tendo participado em 2 campeonatos mundiais seguidos (2016, em Montenegro e 2017, na Croácia) e tem lutado arduamente para poder estar no campeonato mundial de 2018 que acontecerá… em Setúbal.
“Orgulho-me muito do que já conquistei. Digo-o sem aquele orgulho desmedido, mas com a convicção de que posso chegar mais longe. Bem mais!” – afirma, fazendo um retrospecto do percurso até agora percorrido : “Em 2016 tive de enfrentar uma contrariedade enorme, que foi a distância da família durante 15 dias, pela primeira vez. Dei o melhor de mim, mas aprendi que é necessário estar totalmente concentrado, focado na competição, mesmo com a parte psicológica a tentar derrubar-nos. Fiquei em 50º lugar, entre 70 competidores. Já no ano passado, fiquei em 9º lugar, tendo sido o melhor português em competição… um resultado que conjuga melhor com aquilo que sou capaz de produzir num campeonato do mundo”.
Contra os eternos favoritos Italianos, Croatas e Franceses, os Portugueses vão conquistando um lugar de maior destaque nos últimos anos, neste desporto que tem tanto de exigente a nível competitivo como financeiro. “Para participarmos num campeonato nacional e mundial é preciso um investimento entre os 1.600 e os 1.700 euros/ano. Daí, ser importantíssimo o apoio que recebemos da família e dos patrocinadores: uns compreendem a nossa paixão e os outros ajudam-nos a competir, investindo em nós, acreditando que podemos levar longe as suas marcas, as suas empresas”.
Estes incentivos só não são maiores, acredita, “porque a pesca, seja em que modalidade for, não é divulgada como merece. Tenho muita pena disso!”.
E, por acreditar que as coisas mudarão com o tempo e por amar a prática da pesca em pleno mar alto, Juan Pato vai
deixando sempre para depois um hipotético final de carreira. A exigência física e mental
de uma competição é enorme (uma prova, dura em média, 5 horas), mas ele ainda tem 2
objetivos para alcançar: “Pretendo ser campeão nacional e obter um pódio num mundial”. É claro que não são tarefas muito fáceis de se conseguir, mas este homem é um lutador nato e os olhos não mentem: ele quer mesmo ir mais longe e faz por isso!
Patrocínios não lhe têm faltado, muito por culpa do seu empenho em, realmente, tornar realidade aquilo que tem sonhado ao longo da sua carreira. Tendo sido apoiado pela Câmara Municipal de Mira, pela Junta de Freguesia de Mira e por empresas como “As Oliveirinhas”, a “DOM Mira”, “Paulo Ferreirinha”, Quitérios e Alvo Spot e, mais recentemente pela “Casa Favais”, da Póvoa de Varzim, ele sabe que o valor que recebe deve ser retribuído com muito empenho e muita luta.
Juan Pato é homem de ir à luta ! Fez-se gente desta forma e faz-se atleta, todos os dias, buscando um aprimoramento que de brincadeira, nada tem. É um competidor nato e é com homens assim que a pesca acabará por conquistar o lugar que eles acreditam merecer…
Francisco Ferra