“Estamos de facto em estado de emergência” começou por dizer osecretário de Estado da Saúde, António Sales, “ou seja temos as ferramentas para individualmente dar o nosso contributo para travar coletivamente esta pandemia”.
“A declaração de estado de emergência deixa-nos ainda mais alerta, porque uma resposta musculada do Estado tem de dar origem a uma resposta mais robusta com responsabilidade também das pessoas. Sem pânico, mas com responsabilidade. Os grupos de risco neste momento têm mesmo de ficar em casa”, sublinhou.
Quem são os grupos de risco? António Sales recordou: “pessoas com mais de 70 anos, pessoas com doenças crónicas, ou seja, diabéticos, hipertensos, insuficientes cardíacos, doentes oncológicos ou outros doentes imunodeprimidos não devem sair de casa”.
“Estamos a trabalhar com associações de doentes, com as autarquias, com as Misericórdias e com outras IPSS para que estas possam dar as respostas na rede social que estes doentes precisem sem colocar a sua saúde em risco, e portanto, peço que confiem nesta rede. Para além disso os cuidados de saúde primários estão a reorganizar-se quer para apoiarem doentes com Covid-19 em tratamento domiciliário, em casa, portanto, quer para dar todo o suporte que os doentes crónicos continuam a necessitar. Os médicos de família já estão a contactar diretamente os doentes com consultas programadas e vão continuar a fazê-lo, bem como continuar a orientar a emissão de receitas, análises e exames”.
Os utentes “devem privilegiar o contacto telefónico com os seus centros de saúde”, recomendou ainda o secretário de Estado, garantindo que estes “se estão a adaptar por todo o país”, informação que disse ter confirmado “ainda hoje” com o presidente da Associação dos Médicos de Família.
“Os profissionais de saúde continuam a ser a nossa linha da frente de combate mas contamos com cada português para lutar na sua trincheira”, rematou o governante.
A diretora-geral de Saúde, Graça Freitas começou a sua intervenção por chamar a atenção para o facto de “à data de hoje temos 785 doentes, casos positivos para Covid e temos 89 pessoas internadas, isto dá que estão em internamento cerca de 15%, números redondos”. “Quer dizer que a maior parte das pessoas pode e deve ser seguida no seu domicílio”, sublinhou.
“Vamos mudar a nossa forma de atendimento e gradualmente vamos passar de apenas hospitais de referência – e toda a gente passa por um hospital – para outro modelo de atendimento”
“O que quero transmitir aos portugueses é que nós estamos a subir a curva, todos sabemos, e nesta fase vamos mudar a nossa forma de atendimento e gradualmente vamos passar de apenas hospitais de referência – e toda a gente passa por um hospital – para outro modelo de atendimento. Com isto, muitos de nós, vamos ter sintomas ligeiros a moderados. E aqueles de nós que tivermos sintomas ligeiros a moderados devemos ligar para o SNS24, e seremos seguidos no nosso domicílio, como já está a maioria destes doentes à data”.
“Em domicílio serão acompanhados pelo seu médico de família, pela equipa de saúde familiar, pela sua enfermeira, pelo seu médico assistente, pelos delegados de saúde, pelo que for necessário. Mas quero deixar esta palavra de tranquilidade: aquelas pessoas que na triagem forem detectadas como pessoas de baixo risco, que têm sintomas ligeiros a moderados, poderão fazer o seu período de doença em domicílio com acompanhamento da sua equipa de saúde”.
“Vamos confirmar neste modelo, sendo certo que se algumas destas pessoas agravar os sintomas obviamente sairá do seu domicílio e irá para um serviço de saúde”
“É esta a palavra de tranquilidade. A maior parte de nós vai poder seguir a doença no seu domicílio”, rematou.
Porque é que só há 3 pessoas curadas desde o início do surto em Portugal, perguntou uma jornalista?
“Porque esta doença, ao contrário da gripe que ao fim de 5 ou 6 dias se encerra, tem um período de evolução longo”, explicou a diretora geral de Saúde, recordando que tendo sido o primeiro caso reportado a dia 2 de março, “só a partir de agora começaremos a ter altas e pessoas recuperadas”. O tempo que se estima nas pessoas internadas para darem dois testes darem negativo é 15 dias, pelo menos, acrescentou.
Sobre o estudo hoje revelado pela Escola Nacional de Saúde Pública, Graça Freitas disse que os números são “corrigidos ao dia” mas que estão “sintonizados”.
Sobre a reorganização dos hospitais, Graça Freitas afirmou que já está a ser feita atendendo ao atual contexto do surto em Portugal. “Neste momento temos praticamente toda a rede hospitalar já pronta a receber doentes e os doentes estão a ser divididos em dois grupos – aqueles que não têm suspeita do novo coronavírus e aqueles que têm”. O objetivo é claro – “para que não se juntem e não se contagiem” – e a diretora-geral assegurou que “a maior parte dos hospitais já está preparado e os centros de saúde já estão a criar áreas dedicadas”.
Madremedia