A guerra na Ucrânia e a resiliência da população mirense durante a pandemia, estiveram em destaque durante os discursos alusivos ao 25 de Abril, em Mira.
Nelson Maltez, Augusto Louro de MIranda, João Luís Pinho, Maria de Lurdes Mesquita e Raul Almeida, os oradores do Ato Simbólico referente ao 48º aniversário da Revolução dos Cravos, ao tomarem a palavra foram enfáticos na defesa pela liberdade que se faz a cada dia, sendo acompanhados, aqui e ali, pela belíssima presença musical da Filarmónica Ressurrreição de Mira, que acrescentou um toque artístico repleto da qualidade que lhe é reconhecida há mais de cem anos…
Embora, referindo que durante dois anos “perdemos direitos conquistados no 25 de Abril de 1974”, a consciência cívica de todos foi a de que havia a necessidade perante “um ser microscópico que colocou todas as sociedades em casa” demonstrando a fragilidade do sistema de vida que levamos.
Se a pandemia tratou de transformar idosos em pessoas, tantas vezes, isoladas dos seus entes queridos, também as crianças e jovens foram lembradas, por sofrerem as consequências da falta de contato com amigos e colegas da mesma geração. Nada disso foi esquecido, como também não foi, o magnífico trabalho social prestado por médicos, enfermeiros, auxiliares… por IPSS´s, Escolas – professores e alunos – para além de tantas e variadas instituções como as Corporações de Bombeiros que, rapidamente, tiveram de se adaptar à nova – e duríssima – realidade.
Tudo isso fez parte de um movinmento de cidadania que as sociedades tiveram de encarar como o novo normal.
Não, não ficou, nada, tudo bem, como se dizia na altura. O ser humano não se tornou mais amigo do outro, como muitos preconizaram. Nada disso! Ainda não refeitos do susto causado pela pandemia, entrou-nos pelas nossas casas adentro, imagens fortes, que tanto tinham – e têem – de impactante como de um horror profundo!
Também isso foi recordado pelos oradores. Estão, também no Concelho de Mira, algumas pessoas que vieram da Ucrânia, para fugir aos horrores de uma invasão sem razão de existir e completamente ignóbil. Estão cá porque, como também foi dito, “somos um Concelho que cuida dos seus” e os refugiados, sentimo-nos como se fossem nossos… e, na verdade o são, porque somos todos membros de uma nação chamada planeta Terra…
Mais que palavras de circunstâncias repetidas há mais de quatro décadas, o que ecoou pela Av. 25 de Abril, em Mira, foi a ideia do longo caminho que há por percorrer, em todos os sentidos. Fazê-lo com responsabilidade, aceitando as diferentes maneiras de pensar de cada um, é a obrigação de cada cidadão que preze a Democracia, a pluralidade e a, tão preciosa, liberdade que dispomos e tantos e tantos que ainda estão entre nós, não a conheceram em tempos passados.
Todo o ato foi um gesto de esperança no futuro, sem nunca deixarmos de aprender com os erros do passado – que, alguns, parecem pretender reeditar.
Acordar a cada dia, vivenciando a liberdade de poder pensar, refletir, argumentar, é um bem comum que deve ser preservado pela força… do diálogo!
Jornal MIra Online