A CULTURA EM MIRA, ESTÁ BEM E RECOMENDA-SE…

Como (mais uma) prova de vitalidade da cultura no Concelho mirense, aconteceu neste sábado, na Biblioteca de Mira, a tertúlia “UMA FLOR PARA FLORBELA”.
Com uma plateia, bem composta, de entusiastas da cultura e de Florbela Espanca em particular, foi possível passar duas boas horas de aprendizagem e prazer: Aprendizagem, ao saber um pouco mais dessa poetisa que viveu tão pouco, mas tão intensa e apaixonadamente. E prazer, em ouvir nas bocas de quem aprecia a leitura, os seus poemas, os seus sonetos, os seus desabafos e as suas amarguras…
Houve de tudo um pouco: textos, canções ou somente músicas (bem) tocadas. De uma forma, ou de outra, o “espírito de Florbela Espanca” esteve ali presente, tendo sido tratado com a devida vénia que a sua arte merece!
Eis a relação de todos aqueles que nos brindaram com uma noite calma e repleta de paz de espírito:
MÚSICA E TEXTO: “Palavrinhas”
TEXTO:  “Meias palavras”, Zélia Morais, Eneida Roldão, Isabel Múrias, Abel, Fernanda Alves, Domingos Neto, Deolinda Faustino, Teresa Zagalo, Susana Páscoa, José Penacho, Jorge Guerra, Marlene Oliveira, Julieta Fresco, Micaela Morais, Lúcia Coelho, Sofia Santos, Conceição Penacho e Fernanda Batista
POEMA MUSICADO: Mafalda Távora e Maria Donzília Alves.
MÚSICA: Mestre Alcino, Maria Sameiro, Cristophe Faneca, “Filarmónica Ressurreição de Mira – Clarinetes” e “Filarmónica Ressurreição de Mira – Saxofones”.
Assim sendo, aqui fica um brevíssimo retrato de Florbela:
Flor Bela de Alma da Conceição Espanca – Florbela Espanca – nasceu a 8 de Dezembro de 1894, em Vila Viçosa e faleceu na mesma data, em 1930. Viveu exatamente 36 anos.
As suas principais obras foram: “Livro de Mágoas”, “Livro de Sóror Saudade”, “Charneca em Flor”, “Dominó Preto”, “As Máscaras do Destino” e “Diário”.
E, de tantos belíssimos poemas da sua vasta obra, aqui deixamos um dos maiores títulos que escreveu, como forma de reflexão.
Neste poema está um pedaço enorme desta poetisa, que é dos maiores nomes das letras em Portugal. Nele podemos encontrar – quiçá – um dos motivos pelos quais um vasto número de pessoas deixou o conforto de seus lares, para sentir a “alma leve” à saída desta tertúlia.
… E, que venham muitas como esta!.

Ser Poeta

Ser poeta é ser mais alto, é ser maior

Do que os homens! Morder como quem beija!

É ser mendigo e dar como quem seja

Rei do Reino de Aquém e de Além Dor!

 

É ter de mil desejos o esplendor

E não saber sequer que se deseja!

É ter cá dentro um astro que flameja,

É ter garras e asas de condor!

 

É ter fome, é ter sede de Infinito!

Por elmo, as manhãs de oiro e cetim…

É condensar o mundo num só grito!

 

E é amar-te, assim, perdidamente…

É seres alma e sangue e vida em mim

E dizê-lo cantando a toda a gente!

.
IMG_5078 IMG_5088 IMG_5089 IMG_5090 IMG_5094 IMG_5095 IMG_5096