O único templo religioso que ardeu nos incêndios de Pedrógão Grande, em junho de 2017, a Capela de Nossa Senhora das Brotas, na aldeia da Adega, reabre ao culto na terça-feira, numa celebração com início às 16:00.
“Depois do que se passou, é um momento de alegria restituir a vivência religiosa àquele povo”, disse hoje à agência Lusa o pároco de Pedrógão Grande, Geraldo Mário.
Segundo Geraldo Mário, a reconstrução da capela da Adega, na freguesia da Graça, “era um desejo da população, da diocese [de Coimbra], de todos”.
A presidente da Associação das Vítimas do Incêndio de Pedrógão Grande, Dina Duarte, afirmou estar muito satisfeita com a reconstrução da capela.
“Estamos muito satisfeitos por as pessoas poderem fazer o culto à sua padroeira na capela que está agora recuperada, com a colaboração do povo e da autarquia de Pedrógão Grande”, declarou Dina Duarte, lembrando o papel da associação na divulgação da necessidade de recuperar o que era uma ruína.
Os incêndios de Pedrógão Grande, que alastraram a concelhos vizinhos, provocaram a morte de 66 pessoas e 253 feridos, sete dos quais graves, e destruíram cerca de meio milhar de casas e 50 empresas, assim como a capela.
A presidente da associação referiu ainda que na aldeia da Adega os fogos “destruíram casas e terrenos de cultivo”, mas não fizeram nenhuma vítima mortal.
O membro da Comissão de Melhoramentos da Capela de Nossa Senhora das Brotas José Nunes acrescentou que os incêndios destruíram a imagem da santa.
“Morreu Ela para dar vida aos que cá ficaram”, destacou José Nunes, de 77 anos, notando que a capela, após a recuperação, “está bonita, foi um arranjo muito jeitoso” e “a população está contente”.
Para José Nunes, a recuperação da capela, onde vai ser colocada uma nova imagem da santa, dada pela Câmara, “é uma das coisas que vai unir mais o lugar”, onde moram “cerca de 20 pessoas de idade avançada”.
Numa informação enviada à Lusa, a Câmara de Pedrógão Grande, norte do distrito de Leiria, explica que, após um impasse, a reconstrução do templo passou a estar inscrita no Orçamento municipal a partir de 2019 e foram “desencadeados os trabalhos de elaboração do projeto de execução (…) em conjunto com os representantes da aldeia”.
Foi igualmente envolvida a Fábrica da Igreja Paroquial da Freguesia da Graça, “no sentido de esta submeter candidatura ao Programa Equipamentos Urbanos de Utilização Coletiva, para que fosse garantido o cofinanciamento por parte do Estado Central”, adianta o município que celebrou um protocolo de colaboração com aquela entidade, para “prestar todo o apoio técnico e financeiro” para a obra.
Através do protocolo, a autarquia assumiu 15.193,72 euros e o Estado 35.452,02 euros para a reconstrução da capela, cujo apetrechamento também teve o apoio do município (6.327,39 euros), sendo que os arranjos exteriores, de cerca de 19.200 euros, também foram assumidos pela Câmara.
“A população da Adega foi envolvida ao longo de todo o processo, participou ativamente e, diariamente, vários populares se deslocavam à Capela para acompanhar o decurso das obras”, acrescenta o município.
A missa e bênção da nova capela começam às 16:00, numa cerimónia presidida pelo pároco Germano Mário.