5OO ANOS DO FORAL DE CANTANHEDE

As comemorações dos 500 anos da outorga das cartas de Foral do Concelho de Cantanhede regressam no próximo sábado, 20 de Setembro, desta vez em torno do Foral Manuelino de Cantanhede. O evento decorrerá nos Paços do Município, às 21:00 horas, com uma conferência da Professora Doutora Maria Alegria Marques, docente da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra e autora do estudo que dá enquadramento ao documento, seguida de um concerto de música quinhentista “Cantus Manuelinus”, pelo Ensemble Vox Angelis.

A coordenadora científica da edição promovida pela Câmara Municipal de Cantanhede fará uma intervenção a dar enquadramento histórico ao diploma outorgado em 20 de Maio de 1514 pelo rei D. Manuel I no sentido de explicar as condições em que surgiu o ato administrativo que de algum modo está na origem do concelho.

Reportando ao trabalho que desenvolveu sobre a matéria, a académica e investigadora abordará aspetos que caracterizam o contexto social, económico e político do século XVI para explicar os efeitos do foral de Cantanhede a esse nível.

No final da sessão, o Ensemble Vox Angelis subirá ao palco instalado nos claustros dos Paços do Município para interpretar um programa inteiramente preenchido com música do século XVI de autores portugueses e estrangeiros. O concerto estará a cargo de Maria José Ribeiro de Carvalho, soprano com vasto currículo como intérprete de ópera e professora de canto no Conservatório de Música Calouste Gulbenkian, e Pedro Miguel Nunes, barítono que tem desenvolvido intensa atividade em espetáculos de ópera e concertista de música sacra, acompanhados pelo violoncelista Mário Paulo Alves e pelo cravista Jaroslav Mikus.

É uma rara oportunidade de apreciar as sonoridades da música erudita e sacra de um período áureo da história de Portugal esta que vai ser proporcionada pela referida formação do Ensemble Vox Angelis, projeto de divulgação de música clássica constituído por dezasseis músicos profissionais com formação superior e cujo repertório abarca obras do século XV até ao século XX.Do programa do concerto do próximo sábado constam peças de Manuel Rodrigues Coelho (1555 – 1633), António Valente (1520 – 1580),  António Carreira (1520 – 1587), Antonio de Cabezon (1510-1566), Andrea Falconieri (1585) e Giulio Caccini (1551), entre outros.

Teatro de sombras “À Descoberta do Foral de Cantanhede”

“À Descoberta do Foral de Cantanhede” é o título do espetáculo que o Grupo 7Vidas vai apresentar na Biblioteca Municipal, no próximo dia 26 de setembro, sexta-feira, também no âmbito das comemorações dos 500 anos da outorga do diploma régio. A propósito da encenação que preparou para assinalar a efeméride, o grupo refere que ela «caracteriza em largos traços a Época Manuelina, nela enquadrando a reforma dos forais em geral e o Foral de Cantanhede em particular, de uma forma original, através de um espetáculo teatral de luz negra». Na sinopse do espetáculo pode ler-se que ele se estrutura com base «na técnica daquilo a que se chama “Teatro Negro”, em que, sob a luz ultravioleta (luz negra), se produzem estranhos e espantosos efeitos cénicos». É assim que, num palco totalmente negro, o proscénio é iluminado dum lado e do outro, criando-se a ilusão de que todo o palco está iluminado, permitindo que atuantes e objetos sejam visíveis e que manipuladores (vestidos de preto) permaneçam invisíveis aos olhos dos espetadores (truque de ótica, que tira partido de uma imperfeição do olho humano, que não consegue distinguir objetos negros sobre um fundo negro). Deste modo, sobressaem os “bonecos” e os elementos cenográficos, todos construídos com materiais refletores ou pintados com tintas especiais. Deste modo, quase mágico, tudo é possível acontecer no palco, numa encenação que usa o realismo fantástico e ilusório para propor uma atmosfera visual, cénica, emocional e comunicativa ao público».

Os eventos dos próximos dias 20 e 26 de setembro fazem parte da vasta programação preparada para comemorar os 500 anos da outorga de Carta de Foral a três áreas territoriais do concelho, nomeadamente Cantanhede, Ançã e Cadima, os designados forais manuelinos, concedidos por D. ManueI no decurso da grande reforma empreendida pelo monarca.

Perante indiscutível valor histórico e patrimonial deste legado, as entidades que têm a responsabilidade de o defender e promover a sua divulgação pública estão confrontadas com a exigência de celebrar condignamente o ato que esteve na sua origem. É nessa medida que o Município de Cantanhede, em parceria com a União das Freguesias de Cantanhede e Pocariça, a Freguesia de Ançã e a Freguesia de Cadima, e com a participação ativa das entidades associativas locais, está a promover várias ações de carácter sociocultural, algumas das quais se prolongam até 2016.

O que se pretende é recuperar o significado e o alcance de documentos que de algum modo contribuíram para a construção da identidade das comunidades a que dizem respeito, através de um programa de iniciativas que honre esse património e que mobilize os munícipes para o conhecimento de tudo o que ele representa do ponto de vista histórico e sociocultural.

 

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