1.º de Maio: Mulheres a trabalhar são quase tantas como os homens

As mulheres representam quase metade da força de trabalho em Portugal, passando de 40 para 49 por cento nos últimos 30 anos, com os homens a descerem de 60 para 51 por cento, segundo dados hoje divulgados.

A propósito do Dia do Trabalhador, que hoje se comemora, o portal estatístico Pordata, da Fundação Francisco Manuel dos Santos, cruzou números de 1986 e 2015 e demonstra que o setor primário perdeu quase um terço dos empregados, que aumentou o trabalho a tempo parcial e diminuiu o número de trabalhadores por conta própria.

Hoje o país tem mais 260 mil empregados do que há 30 anos, 4,548 milhões contra os 4,289 milhões em 1996, começa por lembrar a Pordata, acrescentando que se a população empregada em Portugal fosse de 100 pessoas seriam 51 homens e 49 mulheres, quando há 30 anos eram 60 homens e 40 mulheres.

Dos 100 trabalhadores cinco teriam entre 15 e 24 anos, uma descida acentuada em relação ao que se passava há 30 anos, quando eram 19 trabalhadores, quase quatro vezes mais. (No passado como agora o grosso dos trabalhadores tem entre 25 e 44 anos.)

Grandes diferenças também no tipo de trabalho, com redução no número de trabalhadores no setor primário (agricultura, pesca ou extração) e secundário (transformação) e aumento no setor terciário (serviços), devido especialmente às mulheres. Dos 100 trabalhadores em 1986 estavam 21 no setor primário, 34 no secundário e 45 no terciário. Hoje o setor primário tem apenas oito, o secundário perdeu 10 (tem 24) e o terciário passou de 45 para 68.

Nos últimos 30 anos aumentou para o dobro (de seis para 12) o número de trabalhadores a tempo parcial e aumentou também o número de trabalhadores por conta de outrem, de 68 para 82. Em 2015 metade dos trabalhadores tem ou o ensino secundário ou superior e apenas dois em 100 são analfabetos.

Dos trabalhadores por conta de outrem 64 tinham contrato permanente no ano passado (57 há 30 anos) e ganhavam 885 euros (em 2013) em média e a preços constantes de 2011. Em 1986 como em 2013 as mulheres com ordenados mais baixos do que os homens. Assim, em média: em 1986 um homem recebia 594 euros e uma mulher 499. Em 2013 um homem recebia 964 euros e uma mulher 791.

Ainda de acordo com os dados compilados pela Pordata, em cada 100 trabalhadores 15 são funcionários públicos (em 1986 eram 11).

O Dia do Trabalhador, ou 1.º de Maio, é celebrado há quase 130 anos e começou por homenagear trabalhadores norte-americanos que nesse dia de 1886 começaram uma série de manifestações em Chicago para reivindicar oito horas de trabalho diário.

A reivindicação das oito horas de trabalho estendeu-se depois a outros países e em 1889 foi decidido (pela Internacional Socialista, em Paris) fazer uma manifestação de trabalhadores anualmente para reforçar essa reivindicação.

O Dia do Trabalhador foi desde sempre assinalado em Portugal mas reprimido durante o Estado Novo, sendo outra vez comemorado livremente após a revolução de 25 de Abril de 1974. No primeiro dia de maio que se seguiu o país assistiu aquela que terá sido a maior manifestação de trabalhadores.

Fonte: Lusa