03.11.2025 –
Barómetro da Saúde Oral 2025 revela desigualdades persistentes no acesso à medicina dentária e necessidade urgente de reforço do programa Cheque-Dentista

Mais de metade dos portugueses tem falta de dentes e seis em cada dez não possuem dentição completa. Os dados constam do Barómetro da Saúde Oral 2025, promovido pela Ordem dos Médicos Dentistas (OMD), que alerta para as desigualdades persistentes no acesso aos cuidados de saúde oral em Portugal.
Embora 64,6% dos inquiridos afirmem visitar o médico dentista pelo menos uma vez por ano, 26% recorrem apenas em situações de urgência e 2,5% nunca o fizeram. Segundo o estudo, 53,8% justificam a ausência de consultas regulares por “não sentirem necessidade”, enquanto 22,2% apontam razões económicas.
👉 Apenas 6% dos portugueses realizaram a última consulta de medicina dentária no Serviço Nacional de Saúde (SNS), e 70,3% desconhecem que o sistema público disponibiliza este serviço. Quando questionados sobre futuras intervenções, apenas 1,8% disseram pretender realizá-las no setor público.
“Estes dados mostram que a saúde oral ainda é percecionada como um bem opcional e não como parte integrante da saúde geral. Portugal tem evoluído, mas continua a haver uma fronteira invisível entre quem pode e quem não pode cuidar da sua saúde oral”,
destacou Miguel Pavão, bastonário da OMD.

🪥 O relatório “Cheque-Dentista 2025” confirma a importância do programa como instrumento de inclusão, mas revela que este continua subutilizado: em 2024, foram emitidos 764 mil cheques-dentista, dos quais apenas 62,5% foram utilizados. Ainda assim, 91,9% dos beneficiários que receberam o cheque afirmam tê-lo usado, o que demonstra elevada adesão quando o benefício é atribuído.
O número de médicos dentistas aderentes ao programa chegou a 5 845 em setembro de 2025, com maior concentração nos distritos do Porto, Braga e Aveiro (48,9% do total). Nas Regiões Autónomas, a utilização é muito inferior — 4% na Madeira e 2,7% nos Açores —, refletindo assimetrias territoriais e de acesso.
A OMD defende a modernização do Cheque-Dentista, com a criação de um Cheque de Reabilitação/Prótese para adultos e idosos vulneráveis, e o reforço da prevenção, conforme previsto na Portaria n.º 430/2023, de 12 de dezembro. Propõe ainda a digitalização do programa, com a criação do Boletim Digital de Saúde Oral, que integraria a informação no sistema nacional de saúde.
“O Cheque-Dentista é uma das políticas públicas de saúde oral mais relevantes das últimas décadas. Agora, é tempo de o modernizar para que chegue a quem mais precisa, com simplicidade, justiça e eficácia”,
reforçou Miguel Pavão.
A Ordem sublinha também a importância de reforçar a articulação entre o SNS, as autarquias e as escolas, através de campanhas de literacia em saúde oral que promovam hábitos preventivos e incentivem o recurso ao sistema público.
📍 Jornal Mira Online
📄 Fonte: Ordem dos Médicos Dentistas






