“Sobre o formato da informação: CNN Portugal – In-formação ou Formatação?”

“CNN Portugal, cujo director editorial „em articulação com a direção da TVI” (1) é Nuno Santos, começará as suas emissões a 22 de novembro de 2021.

A CNN Portugal resulta de um acordo entre a Média Capital e a CNN: substituição da TVI24 pela CNN Portugal.

Segundo informa a Vikipédia, “Júlio Magalhães e Judite Sousa, serão as principais figuras do canal”.

CNN é nome de marca internacional (Globalista?!), e a CNN Portugal poderá tornar-se numa mais valia no que respeita a informação e comentários internacionais e também em relação à informação nacional se esta conseguir evitar as influências que têm amarrado parte dos Media em Portugal a políticos e interesses ideológicos. De facto, no princípio de tudo está a palavra, a informação…

Tenho as minhas dúvidas no que toca às informações e política sobre Portugal dado o politicamente correcto do nosso regime ter conseguido passar um atestado de inocência ao socialismo (até no âmbito constitucional) e preferir apelar mais, com seus programas, ao espírito cívico do emocional coitadinho do que a um espírito crítico e racional ao serviço do bem-público e ao desenvolvimento integral da pessoa humana!

Num Portugal a viver à sombra cerrada da ideologia e de protagonismos jacobinistas, a CNN Portugal, teria de deixar de formatar mentalidades, para passar fomentar um espírito analítico crítico nas políticas de informação e, para tal, saltar sobre a própria sombra, para que o cidadão receba a possibilidade de se tornar verdadeiro sujeito da história e não mero objectosó assim A CNN nos poderá surpreender e tirar dúvidas que o futuro poderá esclarecer!

A dúvida fundada virá da capacidade de autossuperação, virá da aptidão de seus actores conseguirem romper o casulo abrilista que não se revela menos impeditivo, ao desenvolvimento integral, que o salazarista!  Será que será possível que os novos/velhos/actores da CNN conseguirão superar interesses corporativos  para serem eles mesmos ao serviço do bem comum e superarem o espírito abrilista unilateral acomodado e acrítico, herdado do regime anterior? Da urgência de tal incumbência testemunha um certo espírito popular que confunde espírito crítico com algo antipatriótico quando o espírito crítico/analítico se refere a assuntos ou a políticos portugueses (por vezes, a nível popular, parece confundir-se patriotismo com nacionalismo e governantes com família!).

Será de saudar o projecto CNN se os objecto da sua principal ocupação for em torno do essencial, de conteúdos e questões factuais em contraposição a um discurso políticocultual com cheiro a mofo e de um oportunismo que tresanda em torno de personalidades públicas e de um vocabulário de marca ideológica com a preocupação de cheirinho a revolução!

Não seria de recomendar uma CNN-Portugal (Mais uma!) formatadora de mentalidades internacionalistas/globalistas conseguidas à custa da destruição da consciência nacional/patriótica nem de um comodismo (do Maria vai com as outras!) ao serviço do politicamente correcto estabelecido no sentido de um globalismo liberalista desregrado que continue a embalar o povo com novos ópios!

Portugal é uma nação pequena, com um povo grande encolhido; o que a tornou nação grande foi o espírito cristão; ignorá-lo ou combatê-lo, para servir ideologias à la page, é engrossar a avalanche de uma decadência cultural ao serviço de potências anónimas e no sentido da China. Importa contribuir para a construção de um Portugal moderno que não renuncie à essência de si mesmo: um Portugal soberano que embora de soberania compartilhada não renuncie também à soberania da pessoa humana (O grande legado do cristianismo à humanidade vem da sua afirmação da soberania da pessoa: pessoa humano-divina que tudo o que é institucional deve servir!).

O socialismo, verdadeiro filho pródigo do cristianismo, em vez de combater o pai ou de rivalizar com o irmão mais velho deveria fazer por voltar à casa paterna onde todos juntos possibilitariam um caminhar mais rápido no sentido de uma comunidade verdadeiramente humana.

“No princípio era a Palavra, a Informação…” lembra-nos João no prólogo do seu evangelho! Trata-se aqui de não partir de formatos, mas de entrarmos num processo, de mais que estar, ser em contínua formação interior e exterior! Tudo o que é formato programado limita a pessoa!

O Problema não será a Informação mas a Configuração que ela pretenda

A informação em vez de ser apreendida nos seu processo dinâmico de algo em processo/procedimento, antes de ganhar forma, é geralmente reduzida a ideia petrificada numa palavra (formato ou forma dura em que se pretende encerrar vida, vida que é potencialidade a expressar-se em diferentes formas sem poder ser reduzida a elas), tornada própria para construir muros e formatar cidadãos reduzidos a meros habitantes da cidade muralhada, cidadãos pedra que não agentes em processo de libertação para ser libertador! A formatação que se tem pretendido é formar peças de um xadrez que possibilite o jogo a alguns (a agenda subjacente à política estatal de ensino está aa ser, cada vez mais, neste sentido)!

Tudo isto parece muito complicado, mas como sabemos,  para comunicarmos precisamos de informação mas, por sua vez, por trás de cada informação está uma mensagem a transmitir que, por vezes, não se nota e precisaria de ser descodificada para se poder entrar verdadeiramente no entendimento do seu significado (isto causa dores de cabeça porque implica diferentes perspectivas de abordagens mentais e como tal capacidade de discernimento no momento de se fazer um juízo).

Portanto, o problema não está na informação, mas na sua selecção, quer pelo informador (o informador que pretende dar forma/formatar!) quer pelo receptor (o receptor já com forma/formatação ou, no melhor dos casos, em modelação!) da informação, ao coloca-la numa relação causal!

As configurações das notícias são feitas de tal modo que criam conexões de modo a encherem padrões já seguidos ou a criar novos padrões.

O problema maior na interpretação das informações ou notícias virá da capacidade de ver as relações de causalidade que surgem entre a informação e a sua conectação…

Resta o desejo de um bom e contínuo recomeçar para os concretizadores da CNN Portugal!

António CD Justo

Teólogo e Pedagogo”