Sistema de Alerta Precoce de Sismos vai ser instalado no Algarve

Projeto designa-se Earthquake Early Warning System e serve para “complementar e reforçar” a rede nacional de monitorização sísmica do IPMA.

Um Sistema de Alerta Precoce de Sismos, incluindo os gerados no Atlântico, vai ser instalado no Algarve, com os primeiros quatro sismómetros do país enterrados, a 30 metros de profundidade, num projeto da Universidade de Évora.

Trata-se de “um sistema precoce para detetar os sismos” e, caso estes tenham magnitude suficiente, “os tsunamis” que possam originar, precisou esta terça-feira à agência Lusa Mourad Bezzeghoud, professor do Departamento de Física e investigador no Instituto de Ciências da Terra (ICT) da Universidade de Évora (UÉ).

O projeto designa-se Earthquake Early Warning System (EEWS, em inglês, ou seja, Sistema de Alerta Precoce de Sismos, em português) e serve para “complementar e reforçar” a rede nacional de monitorização sísmica do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), disse o investigador envolvido na iniciativa.

Em comunicado divulgado esta terça-feira, a UÉ revelou estar a “capacitar a rede nacional de monitorização sísmica”, através da instalação do EEWS, que permite o alerta precoce dos sismos, “incluindo os gerados na região Atlântica adjacente ao território português”.

“Este sistema de alerta é fundamental não só para Portugal, mas também para a Europa”, frisou a academia alentejana.

O objetivo do sistema a implementar, segundo Mourad Bezzeghoud, citado pela UÉ, passa por “detetar os sismos e determinar algumas das suas características”, como a localização e magnitude, “antes que os efeitos dos fortes sismos atinjam áreas críticas”, permitindo, assim, às autoridades avançarem com “medidas de proteção”.

“Hoje em dia, a sismologia está muito avançada e, com as redes sísmicas, consegue-se localizar o sismo quase em tempo real e calcular também a sua magnitude”, precisou à Lusa o investigador.

Quando “a magnitude de um sismo chega perto de nove pode haver um tsunami de alguns metros, mas, com um sismo acima de 9 ou nos 9,5, o tsunami pode ser catastrófico e, em Portugal, com cidades muito perto do mar, isso significa que temos segundos ou um minuto no máximo para alertar as autoridades”, frisou.

“É preciso um alerta precoce para que as autoridades, forças de emergência e de segurança, possam rapidamente preparar o país para esse impacto e minimizar a destruição e consequências” alertou.

Mourad Bezzeghoud explicou à Lusa que a rede sísmica nacional, da competência do IPMA, é constituída por “sismómetros de superfície” e que os quatro que fazem parte do EEWS, a instalar “na zona de Sagres”, no Barlavento algarvio, “são os primeiros a ser instalados em profundidade em Portugal”, enterrados “a 30 metros”.

“Vão ficar em terrenos públicos, já temos protocolos assinados com as câmaras municipais desses concelhos algarvios e o mês de maio vai servir para fazer os furos todos”, indicou, assinalando que, as estações sísmicas “vão ser instaladas em junho” e que a profundidade de 30 metros pretende “evitar interferência de todo o ruído ambiente” para que os sismómetros “captem sinal puro, para apanharem só os sismos”.

Essa instalação “é mais rápida e, à medida que cada estação é instalada, fica logo operacional” e ligada à unidade de investigação ICT-UÉ e à rede sísmica nacional do IPMA, disse.

Para “criar redundância” no sistema, e uma vez que “os sismómetros às vezes saturam no caso de sismos fortes”, as quatro estações incluem ainda acelerómetros à superfície, que “caracterizam de forma eficaz os movimentos” dos sismos, frisou.

O EEWS é a contribuição da UÉ para o projeto EMSO-PT – European Multidisciplinary Seafloor and Water Column Observatory, financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT), Comissão Europeia e programa Portugal 2020.

No EMSO-PT, os investigadores pretendem criar e desenvolver infraestruturas de investigação científica e tecnológica no âmbito das Ciências do Mar e do Ambiente Marinho, visando “alargar o número de estações sísmicas em terra, melhorando a rede de monitorização sísmica nacional”, resumiu a UÉ.

Lusa