“Se a destituição não for declarada, vamos cobrar até ao ultimo cêntimo o que for gasto na AG a Jaime Marta Soares”, diz Bruno de Carvalho

Em conferência de imprensa, nesta quinta-feira à noite, Bruno de Carvalho confirma a realização da Assembleia Geral de dia 23 de junho e coloca nas mãos dos sportinguistas a sua continuidade.

Num local pouco habitual, a sala da direção do clube leonino, a conferência começou minutos depois da hora marcada, 20h30, devido a alguns problemas técnicos.

Bruno de Carvalho (BdC) justificou o local dizendo que a conferência realizou-se na sala de direção porque aquela hora acontece um Conselho Leonino no auditório onde as últimas conferência têm sido realizadas.

O presidente do clube começou por tecer alguns comentários relativos ao que foi dito no dia de hoje pela imprensa, lamentando que a troca de  mensagens com Ruben Ribeiro – que partilhou no Facebook – não tenham sido abordadas.

Relativamente às rescisões hoje anunciadas pela imprensa, nomeadamente a de Rafael Leão, que confirma, Bruno de Carvalho disse que tentou falar com o pai do jogador mas que “outros valores se levantaram”.

“É uma tristeza, está ser incutido aos Sportinguistas um espírito de angústia que não é justo. Tudo tem um fundamento: Chama-se dinheiro e controlo da SAD. Ponto”, disse Bruno de Carvalho referindo-se ao clima vivido no clube nas últimas semanas. “Para os jogadores estarem a fazer isto, altos valores se devem levantar”, continuo. “Que eu saiba ainda ninguém assinou por clube nenhum” e “não chegou uma única carta ao Sporting a dizer ‘se se for embora, eu volto”, justificou assim a sua premissa.

Sobre a divulgação da troca de mensagens com os jogadores, Bruno de Carvalho afirma, referindo-se às cartas de rescisões, “não venham dizer que fiz mal que eles também tornaram as minhas públicas”.

“Não nos demitimos nem assumimos que Comissão de Fiscalização tenha alguma legalidade”, afirmou ainda.

“O que a Comissão fez foi expulsar-me de sócio, a mim e aos meus colegas”, disse. “Espero que os associados tenham a noção de que algo que era transitório, e nem legal é, nos expulsou de sócios”, justifica. “Isto não é um assalto é qualquer coisa de inenarrável”, prosseguiu.

Dirigindo-se aos jornalistas, BdC explicou que o local onde se encontram são de instalações da SAD, “não do Sporting”.

Sobre a Assembleia Geral de dia 23, Bruno de Carvalho diz que: “Não reconhecemos Jaime Marta soares, não reconhecemos esta sua comissão de fiscalização, não conhecemos a forma como foi convocada a Assembleia Geral de 23, saibam que fomos expulsos de sócios e não podemos participar na mesma, mas vamos disponibilizar aos associados os serviços e vamos permitir que aquele que nós consideramos ex-presidente da Mesa venha amanhã [sexta-feira] aos serviços conferir todas as formalidades, conferir todos os votos que diz que tem e nós aos sportinguista conferirmos meios necessários para que essa assembleia geral [de 23 de junho], esse julgamento em praça publica em que nós não vamos poder estar, decorra”.

“Fazemos isto em nome dos sportinguista”, defendeu.

Apelando à união e participação maciça dos sportinguista, BdC disse que: “Vamos aos sportinguista fornecer as pessoas para a AG, vamos pagar, não vamos estar presentes porque eles nos expulsaram de sócios”.

“Se a destituição não for declarada, vamos cobrar até ao ultimo cêntimo o que for gasto na AG a Jaime Marta Soares”, anunciou.

“[Apenas exigimos que] em que cada urna esteja um elemento indicado por nós para acompanhar a contagem”

Dirigindo-se, desta vez, aos sportinguistas, Bruno de Carvalho coloca nas suas mãos a sua continuidade: “Agora está nas vossas mãos, dia 23 venham massivamente e escolham se querem quem sempre defendeu o Sporting Clube de Portugal”.

Depois de esclarecer que ainda hoje revelará o conteúdo da troca de mensagens com Rafael Leão, Bruno de Carvalho respondeu  às questões dos jornalistas presentes.

A conferência de imprensa, com lugar na sala da direção, foi agendada pouco depois de a TVI24 ter anunciado que também Rafael Leão rescindiu com o clube de Alvalade, totalizando neste momento nove os jogadores que quebraram laços com o clube (Rafael Leão, Rúben Ribeiro, Rodrigo Battaglia, Rui Patrício, Daniel Podence, William de Carvalho, Rúben Fernandes, Bas Dost e Gelson Martins

Estas rescisões acontecem no dia em que o Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa considerou ilegal a comissão transitória da Mesa da Assembleia Geral (MAG), nomeada pelo Conselho Diretivo do Sporting, bem como as reuniões magnas marcadas para 17 de junho e 21 de julho.

A decisão do Tribunal, por sua vez, tem lugar um dia depois da Comissão de Fiscalização designada pela Mesa de Assembleia Geral do Sporting, liderada por Jaime Marta Soares, ter suspendido preventivamente o Conselho Diretivo do Sporting, liderado por Bruno de Carvalho, uma decisão com efeitos imediatos, mas que o presidente do clube se recusou a reconhecer, já que contesta a legitimidade do organismo que a pronunciou.

O braço de ferro na direção é a face mais visível, a par das rescisões de jogadores, da crise que o clube de Alvalade atravessa.

A crise no Sporting teve origem na perda do segundo lugar do campeonato, na última jornada, para o Benfica, e acentuou-se dias depois, em 15 de maio, quando cerca de 40 pessoas encapuzadas invadiram a Academia do Sporting, em Alcochete, e agrediram alguns futebolistas e elementos da equipa técnica, com as autoridades a deter 27 dos alegados atacantes, que ficaram em prisão preventiva.

Na sequência destes incidentes, os futebolistas Rui Patrício e Daniel Podence apresentaram a rescisão por justa causa, em 01 de junho; o treinador Jorge Jesus rescindiu por mútuo acordo para assinar pelos árabes do Al Hilal, e esta segunda-feira, 11 de junho, mais quatro jogadores rescindiram unilateralmente (William de Carvalho, Rúben Fernandes, Bas Dost e Gelson Martins), além da saída do diretor clínico, Frederico Varandas. Rúben Ribeiro e Rodrigo Battaglia juntam-se agora à lista.

Paralelamente à crise desportiva, no âmbito de uma investigação do Ministério Público sobre alegados atos de tentativa de viciação de resultados em jogos de andebol e futebol, tendo como objetivo o favorecimento do Sporting, foram constituídos sete arguidos, incluindo o ‘team manager’ do clube, André Geraldes.

Perante estes acontecimentos, a maioria dos membros da Mesa da Assembleia Geral (MAG), liderada por Jaime Marta Soares, e do Conselho Fiscal e Disciplinar (CFD) e parte da Direção apresentaram a sua demissão, defendendo que o presidente Bruno de Carvalho não tinha condições para permanecer no cargo.

Após duas reuniões dos órgãos sociais, o presidente demissionário da MAG, Jaime Marta Soares, marcou uma Assembleia Geral para votar a destituição do Conselho Diretivo (CD), para 23 de junho e criou uma Comissão de Fiscalização para evitar o vazio provocado pela demissão da maioria dos elementos do CFD — comissão esta que avançou ontem com a suspensão de Bruno de Carvalho e o Conselho Diretivo que lidera.

Por outro lado, o Conselho Diretivo do Sporting decidiu substituir a MAG demissionária e respetivo presidente através da criação de uma Comissão Transitória da MAG, que, por sua vez, convocou uma Assembleia Geral Ordinária para o dia 17 de junho, para aprovação do Orçamento da época 2018/19, análise da situação do clube e para esclarecimento aos sócios, e convocou uma Assembleia Geral Eleitoral para a MAG e para o CFD para o dia 21 de julho. Estas Assembleias Gerais foram agora invalidadas pelo Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa.

Lusa