São Paulo passa a “fase vermelha”

São Paulo passa ao vermelho num momento em que o Brasil bate recordes e em que a falta de uma estratégia nacional se traduz numa situação cada vez mais catastrófica.

Face ao recorde de mortes e pessoas internadas com sintomas graves, o governador de São Paulo anunciou que o Estado de 46 milhões de habitantes passará, no sábado, à “fase vermelha” – que apenas autoriza a manutenção de “atividades essenciais” nas áreas da saúde, alimentação e transportes públicos. João Doria não poupou críticas ao presidente Jair Bolsonaro.

Agora vamos enfrentar as duas piores semanas da pandemia desde o início do primeiro caso de Covid-19 no Brasil.

Esta é a triste realidade de um país que é comandado por um negacionista, de um país que não tem Ministério da Saúde, de um país que não tem coordenação para um programa de saúde pública na pior crise sanitária dos últimos 100 anos. (João Doria – governador do Estado de São Paulo)

O país ultrapassou os Estados Unidos no número de novas mortes por milhão de habitantes e registou, esta quarta-feira, um novo recorde com 1910 óbitos por Covid-19 no espaço de um dia.
No Rio de Janeiro, habitantes protagonizaram um ruidoso protesto noturno contra o presidente que, em conversa com apoiantes, afirmou que, se depender dele, o Brasil “nunca terá” um confinamento.

Ao mesmo tempo, o ministro da Saúde Eduardo Pazuello admitia que o país “atingiu um grave momento da pandemia” e respondia às críticas na lentidão da campanha de vacinação prometendo mais 138 milhões de doses das vacinas da Pfizer e da Johnson em maio.

O cenário é alarmante, com as unidades de cuidados intensivos com uma ocupação superior a 80 por cento em 19 dos 27 Estados do país.

Nalguns deles a capacidade está mesmo esgotada, num momento em que dois estudos preliminares revelam que a variante P1 do vírus detetada no Brasil pode ter uma carga viral dez vezes mais elevada e iludir o sistema imunitário de quem já possui anticorpos.

Rodrigo Barbosa / Euronews com AFP / EFE

Editor de vídeo • Rodrigo Barbosa

Outras fontes • Folha São Paulo / DN