Rui Reigota: o “Chef” que voltou do Porto por amor à “sua” bucólica Mira silvestre!

Era “Chef privado” na bela capital do Norte, mas a natureza e a beleza poética do “Sítio do Cartaxo” localizado mesmo à beira da Lagoa de Mira, fizeram-no retornar… e, vê-se no olhar: está muito feliz pela escolha!

Aos trinta e nove anos de idade e, depois de ter vivido por seis anos consecutivos na capital do norteRui Reigota resolveu aceitar o “honroso convite endereçado por Hélder Patrão” para assumir e “dar uma nova vida” a um local que atrai qualquer pessoa que ame a natureza. Foi assim que o Sítio do Cartaxo que, em tempos idos, foi local das suas brincadeiras de infância e pescarias, (re)entrou na vida deste que é “assumidamente, um filho desta terra gandareza”

Das memórias da juventude viajaram ideias que, agora, pretende ir implantando aos poucos, no espaço que, “com carta branca da Associação que gere o espaço e com o apoio da Câmara Municipal” lhe permitem e permitirão, dar ao local, a imagem de que, aquele, é bem mais que mero ponto de passagem.

Com o “feedback fenomenal” que tem recebido desde quando começou a mudar a cara do Sítio do Cartaxo, o chef Rui tem a mais absoluta certeza de que os passos que estão a ser dados, são no bom caminho. “Não se tratou somente de buscar na natureza, os materiais necessários para “embelezar” ainda mais o local” – assume com um sorriso estampado no rosto, para rematar com uma frase direta: “hoje, as pessoas sabem que chegam aqui e, com criatividade, conseguimos oferecer-lhes produtos naturais e únicos, pois os ingredientes são comprados diretamente aos produtores e são manuseados e transformados pelas minhas mãos, com amor e arte”.

Aí está, quiçá, o grande mérito deste projeto arrojado: Rui Reigota, ele próprio, compra os produtos logo pela manhã, e utiliza-os durante o dia… “enquanto houver”. Ele próprio, durante o período de funcionamento diário, confecciona a alimentação e as bebidas que serve, sem que haja um menu designado pois, quando faz as compras, procura levar “os ingredientes e as frutas que estejam nas melhores condições e que sejam mais indicadas”. Portanto, é certo que o leitor que se predispuser a conhecer o serviço prestado, encontrará (se não tiver acabado antes, claro está…) uma alimentação composta por “dez, vinte, trinta ingredientes e cinco ou seis petiscos” que não se repetem todos os dias!

Confessando-se “absolutamente realizado porque o Sítio ajuda-me mais a mim que eu a ele” este mirense apaixonado não fecha portas a outros projetos, em outros locais mas, garante, “qualquer coisa nova que venha a fazer, terá de ser parecido com isto pois, aqui me sinto bem a ver que as pessoas estão felizes por “retornarem às origens”, por assim dizer. Elas, como eu, perceberam e vão percebedo o valor do cheiro da relva, do prazer de poder almoçar numa canoa no meio da lagoa, de poder conversar, ler um livro ou, simplesmente, nada fazer, por alguns momentos. Elas, como eu, perceberam e vão percebendo o valor de ter uma verdadeira qualidade de vida!”.

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Dava um livro!

As histórias que Rui Reigota tem para contar sobre o seu relacionamento anterior e o atual com o Sítio do Cartaxo davam um livro de contos e de poesias, sempre com a natureza como pano de fundo. Se acha que é um exagero, experimente ir ao local e ter um dedo grande de prosa com este chef. O amor com que o local é falado por ele é inspirador e demonstra que o ser humano não necessita somente de sol, areia e mar. Por vezes, mesmo ali tão perto, podemos encontrar um passadiço, a sombra de uma árvore, o reflexo do mesmo sol nas águas da lagoa e trilhos encravados no meio da floresta que nos fazem tão bem, que podemos querer repetir novamente… já no dia seguinte!

Francisco Ferra / Jornal Mira Online