“Rui Pinto semeou o pânico nos corredores do futebol”, escreve New York Times

Prestigiado jornal dedica artigo ao fundador do Football Leaks e às descobertas de Rui Pinto sobre Isabel dos Santos

O New York Times publica uma longa reportagem, nesta segunda-feira, dia em que os seus advogados revelaram que o fundador do Football Leaks entregou, em 2018, um disco rígido contendo dados relacionados com as revelações sobre a fortuna de Isabel dos Santos.

“À procura dos segredos do futebol, um hacker português encontrou outros segredos da mulher mais rica de África”, escreve em título aquele periódico.

“O adepto português procurava os segredos do futebol, quando começou a invadir as redes jurídicas e financeiras que apoiavam a indústria. Durante anos, ele roubou documentos internos e acordos secretos, desmascarando práticas questionáveis ​​– e até criminalidade – por advogados, jogadores e clubes de futebol. Depois, publicou as informações anonimamente numa plataforma que chamou ‘Football Leaks’. Os clubes ficaram furioso e amaldiçoaram-no. Alguns agentes ameaçaram processá-lo e investigadores envergonhados prometeram prendê-lo”, resume o prestigiado jornal norte-americano.

Até que surge o Luanda Leaks, alegadamente após descobertas de Rui Pinto. Esta informação foi também tornada pública pela imprensa nacional nos últimos dias, merecendo um comentário da ex-eurodeputada Ana Gomes, uma das mais acérrimas defensoras do uso da informação obtida pelo suspeito para investigar corrupção.

Nesta segunda-feira, os advogados de Rui Pinto “declaram que o seu cliente (…) assume a responsabilidade de ter entregue, no final de 2018, à Plataforma de Proteção de Denunciantes na África, um disco rígido contendo todos os dados relacionados com as recentes revelações sobre a fortuna de Isabel dos Santos, sua família e todos os indivíduos que podem estar envolvidos nas operações fraudulentas cometidas à custa do Estado angolano e, eventualmente, de outros países estrangeiros”, refere uma nota emitida pelos advogados de Rui Pinto.

reportagem do New York Times faz esta ligação. “O que ninguém sabia era que, numa enorme quantidade de dados obtidos pelo hacker, um fanático por futebol chamado Rui Pinto, havia um segredo muito maior. (…) Em 2018, em Budapeste, onde estava escondido antes de ser detido e extraditado para Portugal, Rui Pinto disse ao advogado francês William Bourdon que acreditava ter informações que revelavam como Isabel dos Santos, a mulher mais rica da África e a filha do ex-presidente de Angola, acumulou a sua fortuna de dois mil milhões de dólares”, pode ler-se.

Refira-se que a defesa de Rui Pinto considera que o arguido deve ser tratado como denunciante. Pelo contrário, o Ministério Público acusa-o de mais de 90 crimes, entre os quais um de extorsão, na forma tentada, pelo que o pirata informático se encontra em prisão preventiva.

“Até ser detido e extraditado para Portugal, em março, Rui Pinto semeou o pânico nos corredores do futebol. Ele atingiu não apenas alguns dos maiores clubes e instituições de futebol, mas também escritórios de advocacia e serviços que apoiavam as respetivas atividades”, aponta a reportagem.

Rui Pinto terá acedido a documentação de um escritório de advocacia, com sede em Lisboa. Esse escritório teria dados confidenciais que davam conta de alegados benefícios fiscais para Isabel dos Santos. No entanto, o escritório desmente ao New York Times que tenha qualquer relação com a documentação em causa.

As revelações feitas a partir dos atos de Rui Pinto “minaram as alegações de Isabel dos Santos”, segundo as quais estaria a ser alvo de “um ataque político, orquestrado e bem coordenado, em vésperas de eleições em Angola”, marcadas para o próximo ano.

Nesta extensa reportagem, o New York Times relata todos os passos do processo criminal que envolve Rui Pinto. E destaca a rede de suspeitas que envolvem grandes clubes europeus.

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