A organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF) apelou hoje à União Europeia (UE) para impor sanções à imprensa estatal chinesa devido à difusão de “confissões forçadas” por cidadãos europeus sobre custódia das autoridades.
O apelo surge após o sueco Peter Dahlin, cofundador da organização não-governamental (ONG) China Action, detido no início do mês, e o livreiro de Hong Kong com nacionalidade sueca Gui Minhai terem aparecido na televisão estatal chinesa CCTV a, aparentemente, confessarem crimes e ilegalidades.
“Estamos chocados pela disseminação de `confissões` forçadas, sem valor informativo”, reagiu Benjamin Ismail, um membro da RSF com base na Ásia, através de um comunicado colocado no portal da organização.
“Através da difusão de mentiras e confissões presumivelmente obtidas mediante o recurso à coação, a CCTV e a Xinhua [a agência oficial chinesa] tornaram-se armas de propaganda e cessam com o seu papel de meios informativos”, acrescentou.
A organização argumentou que em 2013 a UE impôs sanções contra a imprensa oficial iraniana, na sequência da difusão de confissões forçadas associadas com a violação do direito a um julgamento justo.
No vídeo transmitido pela CCTV, Peter Dahlin afirma: “Violei a lei da China com as minhas ações. Prejudiquei o Governo chinês e feri os sentimentos do povo chinês. Peço sinceras desculpas por tudo”.
A Xinhua precisou que a organização de Dahlin contratou e treinou pessoas com o fim de “reunir, fabricar e distorcer informações sobre a China”.
O objetivo seria “pôr em perigo a segurança do Estado”, uma acusação muito grave na China.
Já Gui Minhai, que desapareceu enquanto estava na Tailândia, apareceu numa gravação transmitida pela televisão estatal chinesa CCTV no domingo na qual diz que decidiu entregar-se às autoridades da China depois de ter fugido do país após de ter sido condenado a uma pena suspensa de dois anos de prisão em 2004, em Ningbo, na província de Zhejiang, pelo atropelamento fatal de uma jovem enquanto conduzia sob o efeito do álcool.
Defensores dos direitos humanos e familiares de Gui já disseram duvidar da veracidade da sua alegada confissão.
Gui Minhai é um dos cinco livreiros de Hong Kong desparecidos desde há meses, um caso que desencadeou uma onda de revolta e preocupação em Hong Kong.
Fonte: rtp