Raul Almeida: “Sentimo-nos completamente abandonados!”

A CM Mira, a GNR, os Bombeiros Voluntários de Mira e a Proteção Civil deram uma conferência de Imprensa ao início da tarde desta terça-feira para dar conta do ponto de situação relativamente aos fogos que tiveram início na noite do passado domingo.

 

ÁREA ARDIDA

Os números são impressionantes: cerca de 70% da área do Município, afetando áreas urbanas e industriais, para além do perímetro florestal. Em suma, dos 124,03 quilómetros quadrados do Município, mais ou menos 80 quilómetros quadrados arderam no espaço de algumas horas…

 

INDÚSTRIAS

No Polo 1 da Zona Industrial, 6 empresas foram afetadas: MÓVEIS CRUZEIRO, DOM, POFIC e MARANHÃO UNIPESSOAL (todas estas totalmente tomadas pelo fogo), para além da empresas TECPLASNOVA e SIRO (LEAL & SOARES), que receberão intervenções assim que houver condições.

Tecnoplasnova, por se tratar de material plástico, emite um fumo tóxico, o que obrigará a uma avaliação cuidadosa, para ser decidida a forma de intervenção. Com relação à Siro, a forma de atuar foi, e é, a de retirar o que não foi perdido, para além de se fazer o necessário arrefecimento do material.

Quanto à empresa PINUS PRO, que não está localizada no mesmo local, também merece uma atuação bastante cuidadosa devido ao material bastante inflamável com que labora. Por ora, o que pôde ser feito, foi “proteger os poucos equipamentos que não arderam”.

Desta situação da Zona Industrial, surge a consequência de que entre 150 a 200 postos de trabalho são diretamente afetados, estando previstas reuniões da CM Mira, na pessoa do seu Presidente, Raul Almeida, com o Centro de Emprego e mesmo o Governo Central, no sentido de serem resolvidas todas as situações da melhor forma possível. O próprio edil mirense estará em contato permanente com os empresários afetados.

 

GABINETE DE APOIO À POPULAÇÃO

Estará em ação, a partir desta quarta-feira, 18 de Outubro e até ao dia 31 deste mês, um Gabinete de Apoio à população do Concelho. Este Gabinete funcionará junto aos Serviços de Ação Social no edifício Mira Center (Antiga Incubadora)

 

COMUNICAÇÕES 

Há a registar elevada destruição ao nível das infraestruturas de comunicação tendo já sido contactadas todas as operadoras para resolverem o problema tão breve quanto possível.

 

POSICIONAMENTO ATUAL DE MEIOS E PESSOAL

Bombeiros: 10 veículos e 32 operacionais

GNR: 4 veículos e 8 operacionais

INEM: 1 veículo (Ambulância SIV) e 2 operacionais

Câmara Municipal: Todos os funcionários estão a trabalhar no sentido de ser restabelecida a normalidade, o mais brevemente possível.

 

PERGUNTAS E RESPOSTAS

Quando questionado sobre qual o sentimento no domingo, nos momentos mais dramáticos que Mira viveu, Raul Almeida afirmou que todos sentiram-se “completamente abandonados”, mas fez questão de dar um “agradecimento especial à população mirense e aos Bombeiros… vi situações incríveis de uma entreajuda espetacular… por isso, sinto um imenso orgulho por não termos vítimas mortais a registar”.

O Jornal Mira Online confrontou o Comandante Nuno Pimenta sobre a falta de meios e pessoal que havia no quartel quando começaram a lavrar as chamas no Concelho. Esta foi a sua resposta:

“Como todos sabem, ainda muito recentemente tivemos um veículo na Pampilhosa com um sério problema… Estávamos a atuar em outros locais, eu incluído, estava na Lousã. Tudo junto, faltavam-nos meios e pessoal para atuar. Mesmo assim, diante da gravidade da situação, tentamos antecipar-nos com voluntários pré-posicionados na Zona do Palheirão, mas não foi suficiente. Desta forma, recuou-se até a zona da Acuinova, onde se percebeu que era impossível controlar o incêndio e optou-se pela evacuação do Mira Villas e do Mira Oásis, de onde as pessoas saíram ordenadamente. O que não estava previsto era a mudança repentina do vento, que trouxe o fogo para o interior do Concelho e entrou novamente nos Concelhos limítrofes de Cantanhede e Vagos… o que estava identificado como “problemático”, naquela altura, passou a ser o centro de Mira!”

GNR acabou por “ajudar na evacuação de cerca de 300 pessoas na Quinta da Lagoa, pois percebeu-se que o sítio mais seguro, num determinado momento, era o centro da vila”. Várias estradas foram cortadas, incluindo a N109, mas – de momento – “a única via cortada é a que vai da Rotunda da A17 até aos Carapelhos, por ter sido montada, ali, uma zona de segurança para que possam ser feitos os trabalhos necessários na Zona Industrial”.

Aproveitando a oportunidade, Nelson Maltez fez questão de elogiar a GNR pelo “trabalho espetacular que ela organizou, monitorizando e atuando a cada momento, no sentido de contribuir para que as coisas corressem bem”.

Por fim, Ângelo Lopes, pela Proteção Civil Municipal, afirmou que “o SIRESP só permitiu uma comunicação interna entre os operacionais”, concordando com a tese de Nelson Maltez de que o Concelho de Mira, por aquela altura, “estava isolado e completamente ilhado”.

Fica, mais uma vez, a convicção de que não ter havido nenhuma perda humana é um facto de natural regozijo de todos os cidadãos que vivem em Mira. Tamanha problemática poderia ter acarretado em muito mais que “a perda de imenso património, nomeadamente casas devolutas e também de primeira habitação, existindo 12 famílias desalojadas que se encontram a ser apoiadas pelos serviços sociais locais e distritais”, como foi referido…

Mira Online