PROREAB INFORMA – É benéfico usar cinta abdominal no pós parto?

“As minhas amigas disseram-me que devo usar cinta logo após o parto para recuperar a silhueta! É verdade?”

Após o parto os músculos do períneo estão fragilizados e edemaciados depois de um parto via vaginal. Durante toda a gravidez foram sujeitos a um acréscimo da pressão, causado pelo aumento do peso do bebé e da mãe.

Num parto via vaginal, temos de somar ainda o estiramento a que a musculatura pélvica é sujeita, para permitir a passagem do bebé, bem como as possíveis lacerações ou a episiotomia daí decorrente.

A cinta, nestes casos, aumenta a pressão intra-abdominal, empurrando os nossos órgãos para baixo, pressionando o pavimento pélvico. Ora um períneo frágil após um parto não é capaz de suportar esse aumento de pressão e acaba por ceder, potenciando ou agravando uma situação de incontinência urinária ou fecal e os prolapsos.

Por outro lado, a musculatura abdominal precisa de ser ativada para diminuir a diástase abdominal (afastamento dos músculos abdominais) provocada pela gravidez. Apenas com a contração abdominal é possível restabelecer a forma que a mulher tinha anteriormente. Se a mãe usar uma cinta, esta vai dar suporte a todos estes músculos e, portanto, estes não têm que trabalhar, uma vez que estão aconchegados. Ou seja, o uso da cinta por si só, não confere nenhuma vantagem para a mulher que quer recuperar a sua forma física e ter um pavimento pélvico forte para prevenir complicações, muito pelo contrário, prejudica essa mesma recuperação.

A cinta pode ser considerada, sim, por uma mulher que tenha realizado uma cesariana e cuja cicatriz lhe causa muita dor e desconforto. No entanto, nestes casos o uso da cinta não deve exceder os 10 dias após o parto (altura em que são removidos/caem os pontos), pelas mesmas razões referidas anteriormente

O acompanhamento com fisioterapia especializada é cada vez mais considerada após o parto, para avaliar possíveis lesões decorrentes do mesmo e tratá-las atempadamente.

Assim, a fisioterapia ajuda a:

 

  • Eliminar aderências/fibroses decorrentes, por exemplo, de uma episiotomia ou laceração perineal;
  • Tratar zonas dolorosas do pavimento pélvico;
  • Preparar o períneo para eventuais gravidezes futuras com exercício terapêutico;
  • Prevenir a incontinência urinária;
  • Prevenir o prolapso pélvico (bexiga, útero, reto).

 

 

Texto escrito por Maria João Miranda

Fisioterapeuta ProReab com competência e formação continuada na área da saúde materno-infantil e uroginecológica.