Produção do T-Roc obriga Autoeuropa a contratar 2500 pessoas

Empresa tinha previsto contratar 1500 operários no início do ano. Reviu para 2000 a meio do ano e já admite recrutar mais

A Autoeuropa vai contratar mais 400 trabalhadores no próximo ano se o novo horário de funcionamento ao fim de semana for aprovado na quarta-feira, adiantou a Comissão de Trabalhadores da empresa ao DN/Dinheiro Vivo, depois das reuniões mantidas com a administração. Vão juntar-se aos 2120 funcionários já recrutados desde o início do ano. Ao todo, a produção do novo T-Roc irá levar a fábrica de Palmela a criar mais 2500 novos empregos, elevando o número de trabalhadores a um total de 5800. E o impacto do novo SUV não se esgota aqui: as fornecedoras da Autoeuropa também vão contratar mais pessoas se o novo acordo for aprovado.

“Se houver acordo, haverá uma aceleração das contratações para o próximo ano. Esta nova fase de recrutamento não estava prevista inicialmente”, assume o fabricante de automóveis. Estas contratações poderão arrancar ainda neste ano e abranger todas as áreas de trabalho, sobretudo na montagem. A proposta de horário, que prevê um sistema de rotatividade ao fim de semana, é apresentada hoje em plenário.

O aumento de encomendas do veículo utilitário desportivo T-Roc nos últimos meses justifica este esforço do gigante automóvel alemão. No próximo ano, prevê-se que sejam produzidos 240 mil automóveis na Autoeuropa.

A fábrica da Volkswagen, por tudo isso, já teve de rever, por duas vezes, a meta de contratações para este ano. No final do ano passado, a Autoeuropa tinha 3295 funcionários. No início do ano, tinha previsto recrutar 1500 pessoas; a meio do ano, a fasquia subiu para 2000 operários. Mas até hoje já foram contratadas 2120 pessoas, confirmou o coordenador da comissão de trabalhadores, Fernando Gonçalves, ao DN/Dinheiro Vivo.

Graças a este reforço, a fábrica de Palmela está a bater o recorde de produção diária: saem todos os dias 860 veículos, algo inédito em mais de 20 anos de Autoeuropa. Além dos três turnos de produção de segunda a sexta-feira, desde final de outubro que a fábrica também tem funcionado em alguns sábados, que têm sido pagos como dia extraordinário de trabalho.

O novo horário também terá impacto nas empresas fornecedoras. “Vamos criar novos postos de trabalho se o pré-acordo for aprovado”, garantiu Daniel Bernardino, coordenador das comissões de trabalhadores do parque industrial da Autoeuropa, sem indicar um número de contratações necessário. Todos aguardam o referendo.

O pré-acordo para o novo horário de trabalho foi anunciado na segunda-feira pelo coordenador da comissão de trabalhadores da Autoeuropa, Fernando Gonçalves. Se o documento for aprovado pelos trabalhadores, a fábrica vai passar a funcionar todos os dias a partir de 20 de agosto, depois das férias. Inicialmente, o novo horário de trabalho iria arrancar em fevereiro.

A garantia de dois dias de folga consecutivos para os operários é a principal novidade do pré-acordo. Os funcionários estarão na fábrica cinco dias por semana, sábados e domingos incluídos. Estes dias serão pagos como um dia de trabalho normal, detalhou Fernando Gonçalves, em declarações ao DN/Dinheiro Vivo.

Inicialmente, o vencedor das eleições para a comissão de trabalhadores pretendia que estes dias fossem pagos como se fosse um dia de trabalho extraordinário. O novo acordo implica também que os operários trabalhem, no limite, três sábados por mês, ao contrário da versão chumbada no final de julho e que levou à demissão da comissão de trabalhadores anterior. No documento anterior, só existiam dois dias de descanso consecutivos de três em três semanas.

A Autoeuropa congratulou-se com este pré-acordo, que “espera que defenda a empregabilidade da fábrica e consiga cumprir com o elevado volume de encomendas previstas para o ano”. O novo acordo também prevê o reforço do investimento na área da pintura.

Produção para a Europa

A produção em série do T-Roc arrancou em agosto, com 200 unidades por dia. Depois das férias, a montagem diária foi duplicada para 400 veículos, com a entrada de um segundo turno de produção. No final de outubro, arrancou a terceira equipa de laboração.

Este SUV é crucial para a estratégia de vendas da Volkswagen e é o primeiro grande modelo saído de Palmela em larga escala .

O T-Roc será vendido no mercado europeu, sobretudo em países como Alemanha e Reino Unido. China também é um dos mercados alvo da marca, mas aí será comercializado um modelo montado localmente e com homologação própria.

À venda na Alemanha desde o início deste mês, o T-Roc estará disponível nos concessionários portugueses a partir de sexta-feira, com um motor a gasolina e outro a gasóleo (ver caixa).

Para produzir este veículo, a Autoeuropa recebeu um investimento de 677 milhões de euros. A fábrica de Palmela é a segunda maior exportadora do país e responsável por quase 1% do PIB.

DN