Ponto Nemo, o “cemitério” de destroços espaciais onde caiu Tiangong-1

É um ponto no meio do Oceano Pacífico e representa o lugar mais isolado do mundo

A estação espacial chinesa Tiangong-1 desintegrou-se hoje “na região central do Pacífico Sul”, não muito longe do ponto Nemo, um cemitério de destroços espaciais. O Ponto Nemo, também chamado de “Polo da Inacessibilidade do Pacífico”, é o local mais distante de qualquer continente ou ilha do planeta: é um ponto no meio do Oceano Pacífico.

“O ponto Nemo encontra-se ao largo das costas da Antártica, da Nova Zelândia, das ilhas Pitcairn e do Chile”, explicou Stijn Lemmens do Gabinete de Destroços Espaciais da Agência Espacial Europeia, em Darmstadt.

Este lugar perdido no meio do Pacífico, apelidado de “polo de inacessibilidade” ou ponto Nemo, em homenagem ao capitão de Júlio Verne, representa o lugar mais isolado do mundo, a 2.688 quilómetros da primeira terra emersa, a ilha Ducie, um atol desabitado.

“É mais uma zona do que um ponto”, explicou Florent Deleflie, astrónomo do Observatório de Paris.

“E como é uma zona muito ampla, é a mais propícia a este tipo de operação. Mesmo em casos de queda controlada, há sempre incertezas sobre o ponto de reentrada na atmosfera do engenho”, acrescentou.

É também um lugar com pouca fauna e flora, e, por isso, pode ser usado como “descarga ou cemitério espacial”, disse Lemmens.

Este “cemitério” já recebeu 250 a 300 naves espaciais em final de vida. A mais famosa até à data foi a estação espacial soviética MIR, de 120 toneladas.

“Atualmente é frequentemente usado para navios de carga ‘Progress’, que abastecem a Estação Espacial Internacional (ISS)”, lembrou o representante da ESA.

Apesar de ser uma zona quase deserta, quando uma nave espacial se prepara para se despenhar no cemitério, o “tráfego aéreo é avisado, tal como a navegação marítima”, explicou Deleflie.

A estação espacial chinesa Tiangong-1 desintegrou-se esta manhã, sobre o Pacífico, quando regressava à Terra, após dois anos de evolução descontrolada em órbita.

O CMSEO, gabinete chinês para a conceção de voos espaciais tripulados, não forneceu as coordenadas exatas do ponto de queda, referindo-se apenas à “parte central do Pacífico Sul”.

Como a maioria das naves espaciais, a Tiangong-1 devia efetuar uma reentrada controlada na atmosfera terrestre, mas deixou de funcionar em Março de 2016.

DN/Lusa