Paulo Azevedo: “Se falharem, voltem atrás e façam outra vez”

É orador motivacional, escritor, atleta paralímpico, treinador, apresentador de televisão e ator. Para Paulo Azevedo, não há limite para os sonhos.

Mostrar ao mundo que “ser diferente não é sinónimo de ser inferior” é um dos objetivos que Paulo tenta transmitir desde o dia em que nasceu, em 1981. Estudou Jornalismo, na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra (FLUC) e, posteriormente, Representação e Cinema, na Universidade Lusíada de Lisboa (ULL). Representou Portugal como atleta paralímpico de natação e, em 2016, conquistou o 2º lugar na maratona de Nova York, na sua categoria. E, no Teatro –outra das suas grandes paixões-, integra a Companhia Locumotiva.

Paulo Azevedo também ficou conhecido no universo televisivo ao dar vida a personagens nas novelas Os Nossos Dias (RTP), Rosa Fogo (SIC) e Sol de Inverno (SIC) e por vencer o programa Splash (SIC). Atualmente, na televisão, Paulo é apresentador do programa Consigo, na RTP2.

Fotografia gentilmente cedida por Paulo Azevedo

O Paulo acredita que “ser diferente não é sinónimo de ser inferior”. Alguma vez se sentiu ou o fizeram sentir-se inferior?

Não, nunca me senti inferior apesar de as pessoas, quando eu era pequenino, me verem ao colo da minha mãe e me chamarem “coitadinho” e dizerem que mais valia não ter nascido. Mas eu não me sentia inferior porque a minha família, desde muito cedo, ensinou-me a aceitar-me como sou e a gostar de mim. Eu recarregava-me na frase “mais valia não ter nascido”, por isso, nunca me senti inferior.

Hoje em dia, é orador motivacional, escritor, atleta, treinador, apresentador de televisão e ator. Na vida há sempre espaço para sonhar. Onde é que devemos ir buscar força para continuar a lutar pelos nossos sonhos?

É uma questão um pouco subjetiva, porque cada um tem o seu método e vais buscar forças onde se sente melhor. Eu, por exemplo, vou buscá-las às coisas mais simples da vida: ao amor da minha família, dos meus filhos, do meu avô, da minha mãe… Recarrego-me muito nos falhanços. Acho que, para vencer, temos de falhar. Todos os dias. E não me vou abaixo com os “não’s” porque acho que, no meio de tantos “não’s”, vais ter um “sim” e esse “sim” é muito mais saboreado e muito mais forte. Então eu recarrego-me um bocadinho naquilo que me rodeia. Nas coisas simples: no abraço da minha avó, no beijo da minha mãe,…

Dia 17 de abril vai marcar presença num dos maiores eventos motivacionais já realizados em Portugal. Qual a importância que isto tem para si? Porque, muitas vezes, quando ouvimos falar de oradores motivacionais pensamos apenas no bem que eles podem levar aos que os ouvem…

Eu acho que estes eventos são muito importantes. São dos poucos eventos gratuitos para estudantes a partir dos dezasseis anos. Acho que deveriam ser todos gratuitos, porque a mensagem que é passada, apesar de serem três histórias diferentes, é a mesma: a superação. Eu acho que vai ser um momento único.

Nós temos que ser pessoas positivas para transmitir positividade aos outros?

Claro. As más energias sentem-se e as boas também. E se fores uma pessoa pessimista e negativa vais passar essa mensagem às outras pessoas, mesmo que não o estejas a dizer. Isso sente-se.

Tem consciência de quantas vidas já mudou por partilhar a sua história?

Assusta-me um bocado. Às vezes as pessoas perguntam-me se eu me considero um exemplo. Não, não considero. Porque eu apenas conto a minha história e a minha história não era nada se não fosse a minha família e os meus amigos a formarem-me. Sozinho não conseguia nada, por isso acho que são eles mais exemplos do que eu. Eu apenas me limitei a usar as ferramentas que eles me puseram e acho que o nosso pior inimigo somos nós próprios. És tu que defines as tuas barreiras e és tu que decides se é impossível ou não.

Ou seja, as limitações que nós temos acabam por resultar de um processo mais psicológico do que físico…

Sim, claro. Tu é que decides. “Ai, eu não sou capaz”, só essa simples frase faz voltar atrás. O único conselho que eu dou às pessoas nas minhas palestras é que não vivam no “e se”. “E se eu fosse…”, “e se eu tivesse feito…”. Não! Façam! Vão! Se falharem, voltem atrás e façam outra vez. Nunca podemos viver na incógnita. Nunca. Não podemos viver no “e se”, senão nunca somos felizes.

É mais difícil lidar com estas questões quando somos crianças e as crianças à nossa volta não compreendem ou quando somos adultos e convivemos com adultos que, muitas vezes, são mais egoístas?

(Risos) É mais na base dos adultos. O meu filho, por exemplo, não vê diferenças. Para o meu filho, eu sou normal porque o amor vence todas as barreiras. Não é cliché, vence mesmo. Para a minha mãe, sempre fui normal, e as crianças por vezes são inocentes. A diferença é que não veem com maldade e, por vezes, os adultos veem. Os adultos veem a diferença ainda como inferioridade. As crianças não.

Como acabou de referir, o Paulo é pai. Tem alguma preocupação especial na educação que transmite ao seu filho?

Nenhuma. Aliás, tenho! Valores! A encarar a diferença como um pormenor, só… E a não julgar, a dar oportunidades primeiro. E se ele algum dia me fizer perguntas, eu vou explicar. Mas não faz… Ele nunca me tentou calçar, nem nada dessas coisas… Porque sabe que eu não tenho. E sabe que eu sou apenas diferente. E, para ele, a diferença é uma normalidade.

O que é que, de verdade, importa na vida do Paulo?

Não desistir nunca!

“O que de verdade importa”  é o nome de um dos maiores eventos motivacionais realizados em Portugal. Paulo Azevedo vai marcar presença numa noite que promete transmitir boas energias a milhares de pessoas, no Campo Pequeno, em Lisboa, a 17 de abril.

Com o objetivo de “promover o desenvolvimento e a difusão dos valores humanos, éticos e morais universais para o público em geral principalmente por meio do desenvolvimento de atividades culturais”, o programa da fundação tem início às 9h30m e conta com Joe Santos, Paulo Azevedo e Pedro García Aguado como oradores.

 

Por Cátia Sofia Barbosa