Pânico!

Não há palavras!

As populações da Gândara não esquecerão a noite de 15 de Outubro de 2017, durante muitos anos. Geração após geração, estupefactas, tentarão entender como pôde um fogo que nasceu em Quiaios, apenas algumas horas depois ter transformado num verdadeiro inferno, localidades dos Concelhos de Cantanhede, Mira e Vagos?

Estudiosos irão debater, parlamentar, especular sobre como pôde um fogo que infligia medo na Praia da Tocha e arredores, cercar o Concelho de Mira num abrir e fechar de olhos?

Foi assim, mesmo: sem exageros, sem leviandades e sem paninhos quentes, é preciso afirmar alto e bom som que Mira esteve durante toda a noite de ontem e, em vários casos, durante o dia de hoje, sob o poder da força dos fogos, das labaredas e do fumo que intoxica o corpo e a alma de quem só pensa em fugir!

Zonas habitacionais. Terrenos. Indústrias. Tudo, tudo, o fogo dominou!

Homens, mulheres e crianças, incrédulos, habitavam a beira da estrada que leva Mira a Cantanhede e a Coimbra. Seres humanos, todos conhecidos de todos, olhavam-se estupefactos como que a não acreditar no sonho mau que estavam a viver!

Homens, mulheres e crianças que não conseguiam, sequer, comunicarem pelos telemóveis, já que não encontravam rede para saber dos seus entes queridos!

Foi assim, mesmo: um caos para nunca mais se esquecer. Para servir de exemplo para os vindouros, que os que aqui estão, hoje, são uns bravos, uns lutadores e heróis mais ou menos anónimos, que tudo deram para que a tragédia humana não acontecesse!

Houve casas destruídas, carros queimados., estradas cortadas por conta de cabos elétricos a criarem iminente perigo a quem passasse… Houve um pouco de tudo!

E, não há mesmo palavras. As que podem adjetivar o horror das populações que estão inseridas no mapa de Mira, são tantas que nem se sabe por onde começar. E as populações da região de Cantanhede? E as populações da região de Vagos? E as outras? Como se pode definir o inferno que viveram?

Não! Não há mesmo palavras para tamanha tragédia que só trouxe duas boas notícias: A mais importante é a de que (aparentemente) ninguém perdeu a sua vida e a segunda é a de que este povo é heróico e camarada quando mais necessitamos que seja…

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