OPINIÃO QUE CONTA: “É correcto chamar pinheiro de Natal?”

A árvore de Natal é uma das mais populares tradições associadas à celebração do Natal. No entanto, serão todas estas árvores, pinheiros?

A tradição de decorar as casas com plantas de folhas persistentes durante o Inverno não é recente. No Hemisfério Norte, o solstício de Inverno ocorre no dia 21 ou 22 de Dezembro, altura em que o dia mais curto e a noite mais longa do ano acontecem. Muitos anciãos acreditavam que o Sol era um deus e que o Inverno vinha todos os anos porque o deus do Sol tinha ficado doente e fraco. Assim, celebravam o solstício de Inverno pois significava que finalmente o deus do Sol começava a melhorar. Os ramos verdes lembrava-os de todas as plantas que cresceriam novamente quando o deus do Sol ficasse forte e o Verão voltasse.

O mesmo acontecia com os antigos egípcios que adoravam um deus chamado Ra e com os romanos que celebravam a Saturnalia, festa em honra de Saturno, deus da agricultura. Os egípcios decoravam as suas casas com ramos de palmeiras verdes e os romanos enchiam os templos e casas com ramos verdes.

Mais tarde, no século VII, S. Bonifácio pregava na Turíngia (uma região da Alemanha) e usava o perfil triangular dos abetos como símbolo da Santíssima Trindade (Pai, Filho e Espírito Santo). Assim, o carvalho até então considerado como símbolo divino, foi substituído pelo triangular abeto. Ainda na Alemanha, mas já no século XVI, Martin Luther, um protestante reformado, caminhando de regresso a casa numa floresta, numa noite de Inverno terá reparado na forma bonita como as estrelas brilhavam por entre os ramos das árvores. Querendo partilhar a beleza com a sua mulher, cortou um abeto e levou-o para casa onde colocou pequenas velas acesas nos ramos e disse que seria o símbolo do maravilhoso céu de Natal. Aqui surgiu a árvore de Natal como hoje a conhecemos.

Segundo a história, a primeira árvore de Natal foi um abeto mas actualmente são usadas várias espécies diferentes, sendo as mais conhecidas os abetos, os espruces e os pinheiros. A famosa e gigantesca árvore de Natal de Rockefeller Center, em Nova Iorque, é um espruce norueguês e a árvore de Natal do Vaticano varia entre um abeto e um espruce.

Assim, todas as árvores de Natal são coníferas, da família Pinaceae, onde estão incluídos os géneros Abies, Picea e Pinus, ou seja, os abetos, espruces e pinheiros, respectivamente. E como os diferenciamos? À primeira vista pode ser um pouco difícil mas com o treino e alguns guias de identificação conseguirás identificá-los. No entanto, há uma forma bastante rápida de distinguir estas 3 coníferas comuns.

Olha para o número de agulhas que saem do mesmo ponto num galho. Se o galho carregar agulhas (folhas de coníferas) em grupos de 2, 3 ou 5, podes seguramente dizer que é um pinheiro. Se o galho suportar agulhas isoladamente, é uma boa hipótese de que seja um abeto ou espruce. Retira uma agulha e roda-a entre os teus dedos. Se sentires que é achatada e que não roda facilmente, é um abeto. Se a agulha tiver 4 lados e, assim, rodar facilmente entre os teus dedos, é um espruce.

Portanto, se tiveres dúvidas quanto ao género da tua árvore, não arrisques em chamá-la de pinheiro. Chama-a simplesmente de árvore de Natal!

Feliz Natal!

Joana Lima, CianMira