OPINIÃO QUE CONTA: Bioplástico: a solução? (Joana Lima – CianMira)

Até à data têm sido produzidas toneladas e toneladas de plástico que depois acabam a boiar no oceano ou a matar animais que o habitam. Por isso, tornou-se necessário encontrar soluções mais amigas do ambiente que mitiguem esta estonteante produção e poluição no nosso planeta. Uma dessas soluções passa pela produção de bioplástico em detrimento do plástico comum.

Os bioplásticos são plásticos feitos a partir de plantas ou outro material biológico em vez de petróleo. Já existem desde os finais de 1800 mas só agora se utilizam em larga escala. Os mais comuns podem ser constituídos por ácidos polilácticos (PLAs) encontrados nas plantas como o milho e a cana de açúcar ou podem ser constituídos por polihidroxialcanoatos (PHAs) produzidos a partir de microrganismos. O plástico PLA é geralmente usado para embalagens alimentares enquanto o PHA é utilizado para materiais médicos como adesivos cardiovasculares e suturas.

Apesar de serem formados a partir de recursos renováveis, contrariamente ao plástico comum, os bioplásticos ainda não são a solução perfeita para a poluição por plásticos. Porquê? Talvez, será mais fácil de explicar, revelando alguns prós e contras destes “novos” materiais, que investigadores foram revelando:

Prós:
– São feitos a partir de recursos renováveis e não a partir de combustíveis fósseis;
– Como a sua matéria-prima pode ser plantada em todo o mundo, apoiam uma economia agrária rural;
– Requerem menos cerca de 65% de energia na sua produção do que os plásticos tradicionais;
– Sob condições ideais, os polímeros de plástico feitos a partir de plantas são capazes de se decompor em dióxido de carbono e água;
– Não contêm toxinas;
– A sua produção liberta menos gases de efeito de estufa.

Contras:
– O PLA é produzido, maioritariamente, a partir de milho cuja produção utiliza mais fertilizantes químicos, insecticidas e herbicidas do que qualquer outra cultura;
– Os terrenos antes usados para a cultura de milho para alimentação estão a ser convertidos em culturas de milho para a produção de bioplástico. Usar uma substância como o  milho para plástico em vez de comida tem sido o centro de um debate sobre como os recursos devem ser distribuídos num mundo cada vez mais escasso de alimento.
– Apesar de serem degradáveis, a sua decomposição só ocorre se os plásticos forem manipulados num sistema industrial de compostagem que tenha a capacidade de manter o composto a temperaturas acima dos 58⁰C por mais de duas semanas. Portanto, não é possível decompô-los num compostor caseiro nem nos aterros. Sem a temperatura adequada, a sua degradação demora o mesmo que os plásticos convencionais, entre 100 e 1000 anos.
– Se terminarem nos ambientes marinhos, responderão como os plásticos tradicionais,
transformando-se em microplástico, durando décadas e apresentando um perigo para a vida marinha.

Então o que devemos fazer?
Pensar duas vezes: antes de comprar e antes de colocar no lixo. Na hora de comprar, dar preferência ao plástico resistente e que dê para reutilizar, se for de origem biológica, melhor.
Não comprar se realmente não necessitar. A redução do consumo, leva à redução da produção e à redução do desperdício e, portanto, do lixo que pode acabar a poluir algum local. Evitar as embalagens que não sejam realmente necessárias; preferir produtos frescos e sem embalagens.
Na hora de colocar no lixo, pensar se não poderá reutilizar a embalagem de plástico. Se não der para reutilizar, reencaminhe-a para o ecoponto adequado.
Ainda não conseguimos chegar a uma solução para os plásticos, mas a investigação continua e plásticos feitos a partir de algas e películas comestíveis já têm sido uma realidade.
Vamos continuar a tomar decisões conscientes e informadas, para fazermos a nossa parte na protecção do nosso planeta.
E quem sabe, se alguém que esteja a ler este artigo, não será a pessoa que encontrará a solução?

Joana Lima, CianMira