“Ocupar o tempo em casa” (Pedro Miguel Gordo)

O desafio do Jornal Mira Online foi aceite pela família “Gordo”. Aceite, também, e conte-nos como tem passado a sua quarentena!

“Temos a sorte de viver no campo e numa moradia com muito espaço interior e exterior, o que com o bom tempo temos tido, nos permite arranjar várias ocupações no jardim, no quintal e sempre que possível, normalmente de manhã ou ao final da tarde, algumas aulas de ginásio via Facebook. Depois procuramos estar o mais próximo possível, de acordo com as regras que devemos respeitar, com os “nossos”, ligando várias vezes por dia aos nossos familiares, especialmente aos pais e avós porque são eles que queremos proteger e nos preocupam mais neste momento que estamos a viver e claro, também aos nossos amigos que fazem parte integrante e estrutural da nossa vida. O meu filho (Simão), como já é adulto e estudante universitário, tem tido nesta fase, uns bons momentos para treinar os seus eSports, que são das poucas atividades desportivas que ainda se podem continuar a fazer, conjugando isso obviamente, também com aulas da faculdade que começou a ter via internet”.

Trabalho:

“Tanto eu como a Oriana, temos continuado a trabalhar e claro, na atividade profissional que desenvolvemos, sentimos ambos a enorme carga de stress diário que este momento e as dúvidas existentes quanto ao futuro nos provocam. Assim, procuramos abstrair-nos quando chegamos a casa, desses momentos. Isso obviamente, não é muito fácil de fazer, porque a informação sai a cada hora e a pressão mediática faz-nos estar a jade sempre a pensar no mesmo. Eu, por defeito profissional, procuro sempre estar bem informado sobre o inimigo que estamos todos a combater, até porque as pessoas nos abordam via redes sociais sobretudo, sobre muitas dúvidas e interrogações que vão surgindo a cada notícia que vai saindo, me abordam para esclarecer algumas questões pontuais. Em suma, procuramos proteger o nosso filho e os nossos pais e avós o mais possível e tendo em conta que saímos de casa praticamente todos os dias para ir trabalhar, quase sempre em contato próximo com outras pessoas, na nossa rotina diária adoptamos os procedimentos recomendados e que se impõem nestas circunstâncias, através da higiene das mãos, higiene pessoal e também das nossas roupas de trabalho, com definição de “áreas limpas e áreas sujas” em casa. Acreditamos que estamos a ter e a fazer aquilo que pode ser feito com os meios e conhecimentos que temos e apelamos a que todos adoptem essas regras também em suas casas e que continuem a respeitar as diretrizes das autoridades competentes na saúde e segurança”.

Vida Social:

“Para mim, tem sido muito fácil a adaptação familiar a rotinas que já não tínhamos há alguns anos, mas mais difícil é a falta que me faz o contato social, a atividade associativa intensa a que estava habituado, a vida em comunidade. Porque este é um virus que atinge uma das características humanas mais importante – o ser social. Este é um vírus que nos faz confinar às nossas paredes e não permite contatos com aquele que nos são mais próximos e mais estimamos, mas que ao mesmo tempo, nos faz entender a importância e dimensão verdadeira das coisas que temos e que damos, noutros momentos, por adquirida e que é a liberdade para fazer o que queremos e ir onde nos apetece ir e estar”.

Em suma:

“Por isso mesmo, este é um momento muito complicado das nossas vidas pessoais, profissionais, familiares, um momento marcante na história moderna da humanidade e só com muita responsabilidade, respeito e grande solidariedade entre todos, poderemos todos ficar bem e voltar a podermos abraçar quem gostamos e ao lado dos que nos são significativos. Nós, em família e sei que com os amigos mais próximos também estão a fazer o mesmo, procuramos dar o nosso melhor e fazer a parte que nos compete. Que na nossa terra, no nosso concelho as pessoas adoptem as boas práticas e ouçam as autoridades competentes, porque apesar de a maioria estar a cumprir imaculadamente as regras de isolamento social, ainda há quem se ache imune ao que está a acontecer e esteja a desafiar a sua sorte e a dos que contata, expondo-se ao vírus e ao risco. Por isso repetimos a mensagem mais importante de todas para a as pessoas que não têm de sair para trabalhar, nesta altura: Fiquem em casa!

Portomar, 22 de Março de 2020

Pedro, Oriana e Simão”

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Texto e imagens: Pedro Miguel Gordo, a quem o Jornal agradece a disponibilidade