O novo campeão nacional de Maratona… é da Tocha!

Pode parecer um conto de fadas, mas aconteceu este domingo, na Maratona do Porto: um atleta da Tocha (Cantanhede), que nunca havia corrido uma prova desta distância… sagrou-se campeão nacional!

Guarde bem este nome pois, certamente, ainda ouvirá falar muito dele: José Sousa tem 29 anos de idade, mora e trabalha na Tocha e tem uma namorada no… Ramalheiro (Mira).

José Sousa é mais um daqueles exemplos de talento conjugado com muito amor a arte e dedicação: todos os dias treina, a partir das 06:30 horas da manhã, na Praia da Tocha ou mesmo em Mira. A partir das 09:00 horas trabalha durante todo o dia numa oficina de automóveis e, no dia seguinte…faz exatamente a mesma coisa!

Atleta amador, já foi convidado por uma das maiores equipas do país para fazer parte do seu plantel. Mas, José Sousa preferiu optar por correr pela Escola de Atletismo de Coimbra, onde afirma “ter encontrado um projeto aliciante num clube que, não deve demorar muito, deverá chegar ao TOP 5 no panorama nacional”.

Simples a falar e ainda a gerir as emoções, a entrevista que deu ao Jornal Mira Online ajuda-nos a compreender um pouco desta verdadeira… façanha. Afinal, como é possível um atleta que só tem corrido em meias-maratonas e na distância de 10 kms pode, logo à primeira, chegar ao topo da categoria a nível nacional?

“Tenho como treinador o conceituado Ricardo Ribas e, também, tive na pessoa do professor Amândio Cupido Santos, uma excelente base de apoio. Treinei durante 3 longos meses para isto e o resultado foi aquilo que o meu treinador esperava: depois dos corredores africanos, cheguei à meta como o primeiro português!”.

Questionado sobre o facto de ter tamanho peso nos ombros, uma vez que Ricardo Ribas dizia acreditar nesta possibilidade, José Sousa respondeu com a humildade de quem conhece os seus limites: “Tanto o Ricardo como o professor Amândio consideravam que eu reunia as condições físicas e mentais para poder lutar pelo topo… se eles acreditavam em mim, porque não acreditar, eu próprio?”.

Estava dada a receita para o sucesso: acreditar e “começar a prova aos 30 kms… até lá, era para “aquecer”, disse o meu treinador. Atacar somente nos últimos 12 kms. Foi o que fiz, e resultou em pleno!”

José Sousa teve sempre companhia até aos primeiros 15 kms de prova. A partir daí e até aos 35 kms conseguiu diminuir a diferença que o separava do grupo da frente em 700 metros, chegando a estar, aos 38 kms, ao lado deles. Porém, aos 40 kms, chegou a hora de correr com a cabeça deixando o coração de lado: geriu a sua posição e tornou-se o novo campeão nacional de maratonas!

E O FUTURO?

Ambicioso qbJosé Sousa promete lutar por “objetivos mais altos, a começar por fazer em 2019, uma prova internacional. Quero experimentar a distância dentro de um ano numa prova importante no panorama europeu”. Com o tempo feito desta vez (2h:19m:24s), ele acredita que poderá ir mais longe, fazendo tempos ainda melhores que o que lhe garantiu o título nacional.

AGRADECIMENTOS

Mas, engana-se quem pensa que este desporto é individualista. Quem corre é o atleta, mas ele sabe o que tem na sua retaguarda“Gostava de aproveitar esta oportunidade para agradecer, antes de mais nada, a minha namorada, Liliana Nunes, que vive no Ramalheiro. Ela e o staff que me acompanha neste momento, são fundamentais para mim”, para rematar: “a base de tudo é a família, o meu treinador Ricardo Ribas, um homem 5 estrelas, o professor Amândio que colabora intensamente, são muito importantes… enfim, tudo tem de estar bem para que as coisas corram bem, pois o que está por detrás do atleta na pista, é fundamental para que ele corra nas suas melhores condições…”

Fica, aqui, o registo do nascimento (quem sabe?) de uma nova estrela, um novo grande nome no panorama do atletismo nacional como são, por exemplo, o próprio Ricardo Ribas ou o nome expoente do Concelho de Mira, no atletismo, que atende pelo nome de Licínio Pimentel.

José Sousa quer provar que o título alcançado não foi obra do acaso: que aconteceu por ser fruto de um intensíssimo trabalho de equipa e por conta da sua enorme capacidade mental, para além da física, como é óbvio…

Jornal Mira Online