O “Dia D” de Mário Centeno

O Eurogrupo elege esta segunda-feira o presidente para os próximos dois anos e meio. Depois de um fim de semana tenso de negociações de bastidores, Mário Centeno é apontado como favorito.

Em Bruxelas, acredita-se só uma surpresa inesperada pode tirar a presidência ao português que há menos de dois anos era olhado com desconfiança pelos ministros da zona euro.

Mas, fontes da estrutura do Eurogrupo, ouvidas pela TSF admitem que a vitória não está garantida e pode haver algumas complicações na contagem, embora, cheguem à conclusão que Mário Centeno é favorito.

Admite-se por exemplo que a existência de duas candidaturas socialistas – a de Centeno e a do eslovaco Peter Kazimir -, possa ser um ponto de fragilidade para ambos, colocando, por exemplo, o liberal Luxemburguês em vantagem.

Mas, as posições em matéria de fiscalidade e o facto de outro luxemburguês ocupar um cargo relevante, contribui negativamente para uma vitória de Pierre Gramegna.

Dana Reizniece-Ozola aparece com a vantagem de ser a primeira vez que uma mulher se candidata à presidência do Eurogrupo. Mas, a ideia dominante, em Bruxelas, é a de que a ministra das Finanças da Letónia não irá por em xeque o favoritismo de Mário Centeno.

A campeã de xadrez, de 36 anos, podia ser uma verdadeira adversária, mas a fama de dar um contributo modesto para os debates, nas reuniões do Eurogrupo, e a falta de apoios tornam-na numa candidata frágil, perante os resultados que o ministro português tem para mostrar e que a Europa lhe reconhece.

Por outro lado, ao não apresentar um candidato próprio, o Partido Popular Europeu – que lidera no parlamento, na comissão e no conselho -, deu a entender que deixava o caminho aberto para uma liderança socialista no Eurogrupo.

Poder-se-ia esperar que a eleição fosse discutida entre Centeno e Kazimir, nomeadamente, porque a escolha do português, deixará definitivamente maior o fosso entre a Europa ocidente e a Europa do leste. E, o eslovaco também pertence à família dos socialistas.

Mas, o facto de se ter candidatado sem o apoio da família política a que pertence acabava por tornar o eslovaco num candidato enfraquecido, perante o favoritismo do académico de Harvard, que se tornou num político com sucesso reconhecido, particularmente, pelos chamados parceiros europeus que hoje o pode eleger.

A vitória de Mário Centeno não é uma certeza absoluta, mas para várias fontes seria uma surpresa se o português não vencesse.

 

Fonte: TSF

Foto: Rafael Marchante/Reuters