O Comandante que chegou no meio de uma “guerra”

A tomada de posse do novo Comandante dos Bombeiros Voluntários de Mira estava marcada para o dia 22 de Março mas, por conta do Estado de Emergência, acabou por acontecer 3 dias antes somente com a presença das pessoas “indispensáveis” para tão nobre ato…

Luís José Domingues Fernandes é um militar de carreira com mais de 30 anos de serviço em localidades como Aveiro, Porto, Açores e, desde há 13 anos, a pertencer ao Comando da Brigada de Intervenção, na cidade de Coimbra.

Como o próprio disse à reportagem do Jornal Mira Online, “Nunca ter sido bombeiro e, sendo “de fora” da estrutura, penso que podem ter sido estes, os motivos pelos quais a Direção liderada pelo sr. Fernando Almeida tenha me convidado… acredito que possam esperar de quem chega, uma “mexida” , que traga novos parâmetros…”

Porém, entrar no Comando quando o país encontra-se no meio de uma guerra contra um inimigo invisível, não era – certamente – nada que estivesse nos planos do novo Comandante, nem da Direção que o escolheu. Luís Fernandes teve que abdicar, momentaneamente, de tomar iniciativas que, porventura, estivessem na sua cabeça para os primeiros momentos do seu consulado. Com um Plano de Contingência a funcionar, onde as diversas equipas vão se revezando para que ninguém possa ser contagiado e vir a fazer falta junto com os seus colegas, a ideia básica tornou-se a de “Garantir o transporte e dar respostas às necessidades mais prementes”. 

No meio de todo o turbilhão de acontecimentos dos seus primeiros momentos, Luís Fernandes já tomou, porém, pulso da realidade do atual plantel da Corporação mirense: “De uma coisa, todos os cidadãos de Mira podem ter a mais absoluta certeza: temos bons profissionais, de alto nível e todos, sem a mais pequena sombra de dúvidas, extremamente incorporados com a missão que possuem! Posso afirmar que não estou muito receoso com o futuro imediato e acredito, mesmo, que daremos – todos – a volta por cima”.

“Estamos cá todos, como uma grande família, prontos para o que der e vier” continua o Comandante que assegura que, sob a sua égide, “seremos aquilo que éramos antes da minha chegada: um corpo ativo que irá continuar a funcionar como tal, para o bem dos BVM e da população, no seu todo”. 

A falar sobre as suas expectativas para estes próximos cinco anos de forma pausada e cristalina, Luís Fernandes deixa a certeza de que “As mudanças que sentirmos ser necessárias, irão acontecendo ao seu tempo e sem pressas” até porque, confessa ter muito a aprender nas suas novas funções. Conta, pois claro “com todos os elementos desta equipa… só lhes tenho pedido uma coisa, qual seja, a de que haja respeito de baixo para cima como certamente haverá de cima para baixo”. Se assim for, ele acredita que “Apesar de estarmos num período conturbado – e acredito que ficará ainda pior, pois este vírus que estamos enfrentando é diferente do inicial, indiciando uma mutação muito rápida – apesar de toda esta problemática, tenho uma grande esperança de que sairemos todos, cidadãos, mais fortes e, aí sim, estaremos em condições de absorver alguns comportamentos, angariar mais profissionais e cumprir objetivos mais rigorosos… até lá, vamos dando o nosso melhor, sem mudanças que perturbem o bom serviço que esta casa presta”.

Em meio às naturais preocupações que o novo cargo lhe impõe, Luís Fernandes deixa, em fim de conversa, uma mensagem à população mirense: “Como já referi anteriormente, posso tranquilizar a todos, reiterando que o Concelho e até a região, está muito bem servida por estes homens e mulheres abnegados e abnegadas. Neste momento eles estão expondo-se diariamente para ajudar quem deles necessita e, por isso só vos peço que tenham contenção, evitando ter comportamentos de risco que possam colocar em causa a saúde pública e de cada um. Se assim for, se todos dermos o nosso melhor, tenho a certeza de que venceremos esta guerra que é, como todas as outras, cruel e letal…”

Francisco Ferra / Jornal Mira Online