Nobel da Física: Prémio vai para três cientistas pelos “contributos para a compreensão da evolução do Universo”

O prémio Nobel da Física deste ano, anunciado esta terça-feira, foi atribuído a James Peebles, Michel Mayor e Didier Queloz, pelos “contributos para a compreensão da evolução do Universo e do lugar da Terra no Cosmos”, segundo Göran K. Hansson, secretário-geral da Real Academia das Ciências da Suécia.

James Peebles, que recebe metade do prémio, é distinguido pelas “descobertas teóricas no campo da cosmologia física”. A outra metade do prémio vai para Michel Mayor e Didier Queloz “pela descoberta de um exoplaneta a orbitar uma estrela semelhante ao Sol”, pode ler-se no tweet divulgado pelo comité do Nobel.

James Peebles, da Universidade de Princeton, nos Estados Unidos, é destacado pelos contributos, ao longo dos últimos 50 anos, para conhecer melhor a história do Cosmos desde o Big Bang. Os seus quadros teóricos são “a base para as ideias contemporâneas acerca do Universo”, descreve a Real Academia no comunicado oficial.

Michel Mayor e Didier Queloz, da Universidade de Genebra, na Suíça, anunciaram, em 1995, a primeira descoberta de um “planeta fora do sistema solar, um exoplaneta, a orbitar uma estrela semelhante ao Sol na nossa galáxia, a Via Láctea”, acrescenta a nota.

O comité do Nobel, na sua conta oficial do Twitter, salienta que os suíços Mayor e Queloz “iniciaram uma revolução na astronomia e mais de 4.000 exoplanetas foram descobertos desde então”.

“Estranhos mundos novos ainda estão a ser descobertos, numa quantidade incrível de tamanhos, formas e órbitas”.

Nascido em Winnipeg, no Canadá, em 1935, Peebles é professor na universidade de Princeton e o seu trabalho na área da cosmologia permitiu chegar ao modelo hoje aceite sobre a história do Universo, que terá evoluído ao longo de 14 mil milhões de anos de uma esfera quente e densa para o universo atual: vasto, frio e em expansão.

Peebles “interpretou os vestígios da infância do universo e descobriu novos processos físicos”, refere a Real Academia, acrescentando que o trabalho do laureado permitiu concluir que “apenas 05 por cento do Universo observável consiste em estrelas e planetas”.

“Os restantes 95% são misteriosos e compostos do que os físicos chamam energia escura e matéria escura”, indica, referindo que se teoriza que a “chamada energia escura mova a expansão do universo, enquanto a matéria escura é a substância invisível que parece rodear as galáxias, revelando-se apenas pelo seu efeito gravitacional”.

Em entrevista à Academia, Peebles afirmou que é preciso admitir que “a matéria escura e a energia escura são misteriosas”, com “muitas perguntas por responder”.

Questionado sobre a hipótese de vida em outros planetas, afirmou ter bastante certeza de que existe, mas admitiu ser muito difícil calcular se assume a mesma forma que na Terra.

Em comunicado, a Universidade de Genebra afirmou que Mayor e Queloz reagiram ao prémio dizendo que a sua descoberta “é a mais importante” da sua carreira e que receber o Nobel por ela “é simplesmente extraordinário”.

Recordam ainda que quando anunciaram a descoberta, há 24 anos, “ninguém sabia se os exoplanetas existiam ou não”, porque “astrónomos ilustres procuravam-nos há anos, em vão”.

Os três cientistas vão partilhar os cerca de 835 mil euros do prémio, que inclui ainda uma medalha e um diploma, que deverão receber numa cerimónia em Estocolmo a 10 de dezembro.

Este é o segundo dos Nobel a ser anunciado este ano. Ontem, o Nobel da Medicina foi para três cientistas, William G. Kaelin Jr, Sir Peter J. Ratcliffe e Gregg L. Semenza, “pela sua investigação sobre como as células se adaptam à disponibilidade de oxigénio”.

Amanhã, dia 9, será anunciado o Nobel da Química. Na quinta-feira, dia 10, serão atribuídos os Nobel da Literatura de 2018 e 2019 e na sexta-feira será conhecido o nome do novo Nobel da Paz.

O último anúncio será feito no dia 14 de outubro e determinará o vencedor do Nobel da Economia.

Este ano, serão atribuídos dois Nobel da Literatura (relativos a 2018 e 2019), depois de, no ano passado, ter sido suspenso devido a um escândalo de abusos sexuais e crimes financeiros que afetou a Academia de Estocolmo.

Os prémios Nobel nasceram da vontade do cientista e industrial sueco Alfred Nobel (1833-1896) em legar grande parte de sua fortuna a pessoas que trabalhem por “um mundo melhor”.

O prestígio internacional dos prémios Nobel deve-se, em grande parte, às quantias atribuídas, que atualmente chegam aos nove milhões de coroas suecas (mais de 830 mil euros).

Madremedia