“Não vale a pena ter a ilusão de que o incêndio será apagado nas próximas horas”

Na primeira vez que falou publicamente sobre o fogo que consome a serra de Monchique, o primeiro-ministro afirmou que a ideia de que o incêndio poderá ser extinto em breve é uma “ilusão”.

O primeiro-ministro, António Costa, admitiu, esta quarta-feira, que o incêndio em Monchique ainda terá de ser combatido durante vários dias.

“Não vale a pena ter a ilusão de pensar que este incêndio será apagado nas próximas horas. Não será apagado nas próximas horas”, declarou António Costa, numa conferência de imprensa, a partir da sede da Autoridade Nacional da Proteção Civil (ANPC), em Carnaxide.

“A vela de um bolo de aniversário todos nós a apagamos com um sopro. Mas, quando a chama se alarga e os incêndios ganham uma escala com esta dimensão, não bastam os sopros nem alguns dias de trabalho. São precisos muitos dias para que o incêndio possa ser totalmente extinto”, disse António Costa.

O primeiro-ministro acrescentou que as condições de combate ao fogo durante os próximos tempos serão “particularmente adversas”, fazendo referências às altas temperaturas, aos fortes ventos e à baixa humidade relativa que se fazem sentir na zona afetada.”As janelas de oportunidade” para a luta contra as chamas são, “essencialmente, durante a noite e de madrugada”, salientou.

António Costa lembrou que até que o incêndio esteja extinto, as populações devem respeitar as ordens de evacuação das autoridades. “O bem mais precioso que existe é a vida. É irresponsável que as populações não sigam as indicações das autoridades”, declarou.

“Felizmente, até ao momento, não há registo de qualquer perda de vida humana”, frisou o primeiro-ministro. “Temos tido feridos ligeiros em número reduzido e feridos graves em número ainda mais reduzido”, acrescentou.

Para António Costa, o facto de, nos últimos dias, terem existido “mais de 582 ignições e só termos tido 26 incêndios; e, desses 26 incêndios, só o de Monchique ter concentrado atenções (…) demonstra que o sistema respondeu à altura do desafio colocado”.

Notando que se trata do “único grande incêndio a lavrar no país”, o primeiro-ministro afirmou que “Monchique é a exceção que confirma a regra do sucesso“.

António Costa acredita que, sendo que os incêndios “nascem sempre do comportamento humano, às vezes intencional, outras vezes por negligência”, a redução do número de ocorrências este ano se deve “ao esforço dos portugueses” para diminuir comportamentos de risco. “Vale a pena fazer a prevenção”.

“Seguramente, com a vaga de calor que tivemos, teríamos tido muitas mais ocorrências, muito mais incêndios e todos eles teriam sido mais dramáticos do que têm sido”, considerou.

O primeiro-ministro concluiu a sua intervenção com “uma palavra de confiança” à atuação da ANPC e “de todos aqueles que travam um difícil combate em Monchique”.

TSF