“Morto e enterrado”. Novo Governo britânico anula projeto de repatriamento para o Ruanda

07.7.2024 –

Dois dias depois das eleições históricas que marcaram uma viragem política no Reino Unido, o novo primeiro-ministro trabalhista não perde tempo e já definiu o rumo que pretende tomar. Uma das suas primeiras decisões foi o fim do polémico plano do anterior Executivo conservador de repatriar imigrantes ilegais para o Ruanda. Para Keir Starmer, esta política está “morta e enterrada”.

Um dia depois de ter sido investido primeiro-ministro pelo rei Carlos III, Keir Starmer reuniu, pela primeira vez, os seus principais ministros na manhã deste sábado.

No final, em conferência de imprensa a partir do Número 10 de Downing Street, o novo primeiro-ministro britânico declarou estar “impaciente” para implementar a mudança prometida no Reino Unido.

A primeira dessas mudanças consiste na revogação da controversa política conservadora de repatriar imigrantes ilegais para o Ruanda. Para Starmer, este projeto estava “morto e enterrado mesmo antes de ter avançado”.

“Nunca funcionou como um fator dissuasor e eu não estou disposto a dar continuidade a artimanhas”, disse Starmer.
O projeto foi anunciado pela primeira vez em 2022 pelo Governo de Rishi Sunak e propunha que os migrantes ilegais que chegassem à Grã-Bretanha fossem enviados para o Ruanda, com o objetivo de travar a entrada de imigrantes no Reino Unido através do Canal da Mancha.

No entanto, o projeto nunca chegou a ser posto em prática devido a vários desafios legais. Em novembro passado, o Supremo Tribunal do Reino Unido declarou a política ilegal, afirmando que o Ruanda não poderia ser considerado um país terceiro seguro.A proposta de lei apenas acabou por ser aprovada pelo Parlamento britânico em abril último.

A nível de política migratória, Starmer disse que seu Governo criará um Comando de Segurança de Fronteiras que reunirá funcionários da polícia, da agência de inteligência nacional e procuradores para trabalhar com agências internacionais para impedir o contrabando de pessoas.

Mariana Ribeiro Soares / RTP
Imagem: Evening Standard