Mira, Soure e Montemor: Três municípios a tratar a água da mesma forma…

Emílio Torrão (Anfitrião e Presidente da CM Montemor-o-Velho), Raul Almeida (Presidente da CM Mira), Mário Nunes (Presidente da CM Soure), Carlos Martins (Secretário de Estado do Ambiente) e João Matos Fernandes (Ministro do Ambiente) assinaram, na passada sexta-feira, a constituição da Empresa Intermunicipal ABMG – Águas do Baixo Mondego e Gândara EIM, SA

Em pouco mais de uma hora, foram dadas as explicações do funcionamento desta empresa cujo contrato de delegação tem um prazo de 40 anos. Classificada como “solução de futuro”, a novel entidade conta com 100% de capital dos municípios envolvidos e terá como forma de funcionamento, a rotatividade, uma vez que a cada ano, um dos municípios assumirá a sua presidência.

Esta agregação dos municípios foi definida como sendo “extremamente positiva” uma vez que, segundo os cálculos técnicos efetuados durante o estudo, “a continuar a serem geridos da forma atual, com cada município a fazê-lo individualmente, seriam necessários cerca de 10 anos em Montemor-o-Velho e cerca de 30 anos em Mira e Soure, para que os investimentos necessários pudessem acontecer… a implementação deste modelo permite antecipar os investimentos por forma a contribuir com a qualidade de vida das populações afectadas”.

Classificado como “Um dia histórico para os três Concelhos” por Emílio Torrão, este admitiu “não ser fácil abdicar de um património tão importante, mas nós acreditamos que, desta forma, podemos melhorar as condições de vida das nossas populações”.

Mário Nunes e João Matos Fernandes afinaram pelo mesmo diapasão, alertando para “as alterações climáticas dramáticas que obrigam aos decisores tomarem em mãos esta responsabilidade”, dizendo mesmo, o Ministro, que “não estamos a falar de uma coisa qualquer… se nada for feito, a responsabilidade do que se passar no futuro será nossa!”.

João Matos Fernandes fez questão de frisar que, atualmente, “são 83 os municípios que estão a pensar na agregação como forma de enfrentar todos estes desafios… a agregação leva a uma maior rapidez na execução de tudo o que é necessário para que as populações sejam bem servidas!”.

Raul Almeida

Quanto ao Presidente da Câmara Municipal de Mira, este afirmou “não fugir às responsabilidades de tomar decisões importantes no Concelho” que dirige, admitindo, quando inquirido pelo Jornal Mira Online, que não terá tarefa fácil em levar a mensagem aos munícipes, uma vez que os preços da água no Concelho terão de, inevitavelmente, receber alterações significativas.

Assumindo algumas divergências durante todo o processo de constituição da empresa intermunicipal, Raul Almeida deixou claro que, com todos os obstáculos “o caminho foi sendo feito, porque os autarcas têm de decidir em nome daquilo que pensam ser o melhor para as suas populações”.

“Se olhássemos para o presente, as ações seriam outras… seria mais cómodo para o autarca permanecer como estão as coisas. Mas nós, neste caso, optamos por olhar para o futuro e, confesso que não dormiria tranquilo se não seguisse o caminho que agora se inicia!”.

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Consciente do reflexo de assumir esta agregação intermunicipal, fazendo parte de uma empresa que será vista como mais uma pelas populações, Raul Almeida assume o risco que considera “necessário”. As tarifas subirão ao nível daquelas que são praticadas em Montemor-o-Velho, por exemplo, e o autarca explica o motivo: “A Entidade Reguladora obriga-nos a atualizar o tarifário. Não o fizemos antes porque considerávamos que devia haver trabalho, qualidade de serviços acompanhados do tal aumento… Ele, quando vier, será em conjunto com obras que alargarão o leque da qualidade dos serviços. Se continuássemos a trabalhar individualmente, na verdade, os preços acabariam por aumentar mais cedo ou mais tarde, muito mais do que da forma que acontecerá”.

Ressaltando que “é preciso haver coragem política para assumirmos uma decisão destas” o Presidente da Câmara Municipal de Mira compromete-se, desde já, “a marcar diversas reuniões em todas as Freguesias de Mira, para darmos a palavra aos nossos concidadãos, ouvindo-lhes e, ao mesmo tempo, procurando mostrar-lhes as vantagens desta decisão. Não ficaremos enclausurados nos gabinetes. Vamos falar com as pessoas e esclarecer quaisquer dúvidas que possam, ter… e é legítimo que as tenham!”.

 Jornal Mira Online