Ministério garante pagamento a enfermeiros infetados com Covid-19

Vários enfermeiros ficaram sem ordenado depois de terem ido para casa cumprir quarentena. Esta noite, depois de a Renascença ter revelado as suas histórias, o Governo prometeu acelerar os processos.

Vão finalmente ser pagos, na próxima semana, os enfermeiros que contraíram a Covid-19, entraram em quarentena e ficaram sem qualquer tipo de rendimento.

A notícia foi confirmada à Renascença esta noite pela bastonária da Ordem dos Enfermeiros, de quem partiu a denúncia original.

Ana Rita Cavaco ainda está a tentar que o pagamento seja feito a 100%, mas pelo menos 70% já estão garantidos para os casos concretos que foram denunciados.

A garantia terá sido dada a Ana Rita Cavaco pelo secretário de Estado da Saúde, António Lacerda Sales.

“Respeitante aos casos que enviámos ao Ministério da Saúde e que dizem respeito ao Centro Hospitalar da Universidade de Coimbra, a informação que o secretário de Estado nos deu é que iam ser pagos durante a próxima semana”, diz Ana Rita Cavaco.

“Serão pagos, conforme dita a lei, a 70%, mas nós pedimos um regime de exceção, para nos casos de Covid-19, porque isto são tempos de exceção, que dite o pagamento a 100%. Essa situação ainda não está resolvida, mas pelo menos a 70% o secretário de Estado já confirmou.”

Para além dos casos de Coimbra, a Renascença revelou esta tarde também outros casos, incluindo de uma enfermeira do Hospital de Santo António. Ana Rita Cavaco diz que esses, e outros de que, entretanto, a Ordem teve conhecimento, vão ser coligidos e encaminhados para serem resolvidos também.

“Vamos enviar todos ao Ministério da Saúde, sabendo que efetivamente há uma grande boa-vontade do Ministério da Saúde, neste caso do secretário de Estado da Saúde, em resolver estas situações, porque percebem que não pode um enfermeiro ficar ou com zero de vencimento num mês, ou com 70 euros de vencimento num mês.”Satisfação cautelosa

Esta sexta-feira a Renascença já tinha falado com três enfermeiros que estavam nesta situação. Um deles era Tiago Costa, que estava há um mês sem receber qualquer remuneração.

Contactado novamente pela Renascença, o enfermeiro aplaude a decisão. “Fico muito satisfeito pela intervenção feita pela nossa ordem e por isto ficar resolvido tão rapidamente. Ficámos todos muito contentes e até um pouco incrédulos como foi tudo tão fácil. Se calhar se tivesse sido assim desde o início isto nem se tinha colocado, mas ficamos todos contentes por saber que para a semana já recebemos.”

Ana Rita Mota, que também estava nessa situação, lamenta apenas que tenha sido preciso recorrer à comunicação social para exercer pressão.

“São ótimas notícias. Pena que às vezes seja necessário exercer pressões da Comunicação Social, neste caso, para que as situações se resolvam.”

“Os enfermeiros não precisam só de palmas, precisam também de algum apoio da sociedade em geral e é ótimo ouvir essas notícias, deixa-me muito mais tranquila e posso cumprir com as minhas obrigações no final deste mês, se efetivamente isso se confirmar”, afirma.

Pedro Mesquita / Filipe D´Avillez / RR