MANUEL MIRANDA: “Não sou Salazarista nem anti-Salazarista”

O investigador mirense Manuel Miranda juntou familiares, ex-alunos e amigos na Biblioteca Municipal de Mira, onde fizeram questão de estar presentes na hora da “despedida” das suas famosas palestras, tendo escolhido um tema picante para a mesma…

Salazar é, por assim dizer, um nome controverso da história recente de Portugal. Mas, também é uma figura incontornável desta mesma história. Talvez por isso, Manuel Miranda tenha escolhido este tema para a sua última palestra, sem receio das críticas nem se importar com eventuais apoios que pudesse receber pela escolha.

Assim sendo, a frase “Não sou Salazarista nem anti-Salazarista” foi aquela com que brindou a audiência logo a abrir. Deixar demarcado o terreno foi, claramente, a sua tática para durante mais de hora e meia desfiar uma imensa informação histórica sobre um passado, que não está assim tão distante.

Manuel Miranda fez questão de “realçar a isenção que sempre tive como investigador” e, pausadamente como sempre foi seu timbre, contou inúmeras peripécias da vida do homem que encarnou o Estado Novo até a sua morte… e, muito para além dela.

Segundo o historiador e investigador, “Salazar governou o país durante quarenta anos, quatro meses e oito dias”, tempo mais que suficiente para deixar uma marca impossível de apagar, cujos erros e acertos vão sendo escalpelizados em momentos como o do passado Sábado, em Mira, um pouco por todo o lado.

Sem que seja fundamental centrar-se na figura de Salazar, importa – e muito – deixar claro que a despedida de Manuel Miranda dos púlpitos é que esteve em causa. E, foi aí que os anfitriões, Raul Almeida, Presidente da Câmara Municipal de Mira, Fernando Madeira, Vereador e a responsável pela Biblioteca Municipal de Mira, Maria Donzília Alves centraram as suas palavras de “agradecimento e gratidão pelo trabalho de investigação desenvolvido pelo Dr. Manuel Miranda”.

Todos os que ladearam o jubilado investigador foram unânimes no apreço pelo trabalho desenvolvido por este, ao longo de décadas. Se Raul Almeida fez questão dar o “reconhecimento público pessoal e em nome da Câmara Municipal” Maria Donzília Alves leu o extenso currículo do homenageado, já Fernando Madeira, ele próprio, um ex-aluno de Manuel Miranda fez questão de referenciar o seu ex-professor como uma “figura ímpar e incontornável de Mira: um homem extremamente culto, muito bom a a investigar e, para além disso, um comunicador nato!”.

Fica para a história local, o momento da retirada do investigador. O cidadão, este, andará pro aí, pelas ruas do lugar que ama e onde nunca deixou de estar, excetuando os momentos em que, por força do trabalho e da vida, teve de ausentar-se.

Jornal Mira Online

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Uma pequena amostra da “última palestra” de Manuel Miranda: