Luso-francês da Frente Nacional é suspenso por insultos racistas

“Macaco”, “africano porco” e “preto de merda”, estas são as expressões racistas que são atribuídas a Davy Rodríguez, luso-francês que é o número dois da Juventude da Frente Nacional e que chegou a ser assistente parlamentar de Marine Le Pen. As palavras, que ficaram registadas em vídeo, terão surgido numa discussão intensa com um segurança de um bar, mas Rodríguez nega as acusações, diz que as imagens foram manipuladas e que tudo não passa de “uma cabala política”

O número dois da Juventude da Frente Nacional (JFN), o luso-francês Davy Rodríguez, foi suspenso do partido de extrema-direita após ter dirigido vários insultos racistas a um segurança de um bar em Lille, cidade onde decorreu este fim de semana o congresso do partido liderado por Marine Le Pen.

De acordo com a edição francesa do Buzzfeed News, na sexta-feira, dia 9 de Março, um membro da mesma juventude partidária que Rodríguez puxou a porta do bar ao mesmo tempo que o segurança, tendo o primeiro acabado por ficar com os dedos entalados entre a porta. Tudo partiu daqui, conta o segurança, que explica que “quando já não havia nenhum problema” chegou Davy Rodríguez que, exaltado, terá dito ao companheiro “não lhe dirijas a palavra, esta gente não tem educação”.

Os relatos de quem estava presente revelam que a troca de palavras foi aumentado de intensidade, havendo relatos de que o luso-francês insultou o segurança, que é negro, de “macaco” e “africano porco”. No entanto, estas palavras não foram registadas em vídeo.

No entanto, um vídeo amador captou imagens onde é possível Davy Rodríguez a insultar o segurança de “cette espéce de négre de merde”, algo que se pode traduzir como “preto de merda”.

Vários colegas tentaram acalmar o jovem político, tendo-se mesmo ouvido “achas que a Marine [Le Pen] ia gostar de te ver assim? Acalma-te, não tens interesse nenhum em perder a cabeça”.

“É uma cabala política”

No dia seguinte ao incidente, o próprio Davy Rodríguez utilizou a sua conta pessoal de Twitter para desmentir o sucedido. “Nego formalmente ter feito as afirmações racistas que me são atribuídas”, escreveu.

“Vi esse vídeo, que é uma montagem pura. É uma cabala política”, defendeu-se o luso-francês ao Buzzfeed News. “Tentaram entrar na minha conta de Facebook e Twitter. São pessoas que são extremamente entendidas em informática. A minha única capacidade é a justiça”, afirmou, justificando que sempre viveu “em bairros sociais com muitas pessoas que fazem parte da imigração africana”. “Nunca disse nada desse género, não era agora que ia começar”, concluiu.

A edição francesa do HuffingtonPost revela que Rodríguez foi suspenso como mera medida de precaução e que o caso será gerido internamente dentro do partido. No entanto, Sebastien Chenu, deputado do qual o luso-francês é assistente parlamentar, já veio reiterar a confiança nas palavras do número 2 da JFN. “Vão me pedir para comentar as palavras proferidas fora de um bar quando o membro do partido coloca em causa, formalmente, a veracidade do vídeo? Desde que ele me disse que não fez esses comentários, eu também contesto a veracidade do vídeo”, afirmou Chenu no congresso da Frente Nacional.

Filho de mãe portuguesa e pai espanhol, o lusodescendente que hoje é uma das vozes da juventude de Marine Le Pen, chegou a apoiar Jean-Luc Mélenchon, da esquerda radical, nas presidenciais de 2012, depois de ter passado pelo PS e de rapidamente se ter afastado quando François Hollande venceu as primárias de então.

Os temas da imigração e da Europa acabaram por empurrar para a FN o jovem que se apresenta como “soberanista”, que é diplomado em Sciences-Po, titular de um mestrado em direito público e económico, e que criou, em 2013, a associação universitária eurocética ‘Critique de La Raison Européenne’.

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