Já conhece a Praça do Luxemburgo? o blind date de discussão europeia

Há uma nova Praça que está a dar bastante que falar nas últimas semanas nas redes sociais.

Apesar das últimas semanas as movimentações em Bruxelas terem praticamente paralisado e encerrado dentro de 4 paredes, surgiu uma nova Praça do Luxemburgo, uma tertúlia digital pop up gratuita e de iniciativa cívica sobre políticas Europeias.

A Praça do Luxemburgo é um local icónico das instituições europeias e de Bruxelas, sendo palco de infinitas conversas informais sobre política, transversal e altamente democrática. É isso mesmo que pretendem com este projeto que alavancou a sua criação com a aceleração da disponibilidade dos meios digitais, durante esta crise, e que assegura que todos possam participar, independentemente de onde estejam.

Num momento em que a famosa Praça do Luxemburgo se encontra vazia, o trio decidiu-a ocupar. Embora a ocupação desta praça esteja a ser feita de uma forma bastante peculiar, (numa altura em que o projeto europeu está assombrado por populismos e uma crise de saúde pública e consequentemente económica e institucional) por 3 amigos, entusiastas do projeto europeu, que querem mudar a imagem burocrática que os portugueses tem de Bruxelas através da dinamização de debates e disseminação de informação sem “papas na língua” com aqueles que melhor conhecem os corredores das instituições.

A Praça entrou em funcionamento no passado dia 11 de abril pela mão do conimbricense David Ferreira da Silva e dos dois portugueses Milton Nunes e David Gonçalves a viver em Bruxelas. Impossibilitados de se encontrarem para falarem em torno de temáticas europeias, sentiram a necessidade de criar um espaço onde essa realidade fosse possível, inspirados pelos cafés da Praça do Luxemburgo.

Em entrevista David Ferreira da Silva, descreve o projeto como sendo “um grupo totalmente informal, sem comprometimento, onde se debatem temas em jeito de tertúlia. O objetivo passa por mobilizar um grupo de pessoas, profissionais da área dos assuntos e política europeia, ou apenas pessoas interessadas por estas temáticas.”

O modelo de participação é simples, para aceder às conversas informais basta preencher um pequeno formulário disponível na página de facebook e twitter, com algumas informações pessoais, e ainda a seleção/sugestão de temas que gostaria de abordar. Os temas sugeridos passam pela Economia Europeia, Direitos Humanos, Ecologia/ Políticas Ambientais, Educação, Cultura e Desporto, Juventude, Ideologias Políticas, Nacionalismos e Populismos, entre muitos outros.

Posteriormente é feita uma seleção dos participantes, num máximo de 12 pessoas por sessão, que é comunicada via email até 24 horas antes com todas as normas e procedimentos a seguir. Num debate informal, sem hierarquias, uma das curiosidades interessantes é o não saber com quem se vai debater, tratando-se de um verdadeiro encontro “às cegas”. A temática de cada sessão é definida com base na análise noticiosa/mediática e com base nos interesses manifestados pelos inscritos aquando da elaboração do formulário.

Neste momento a Praça conta já com mais de 80 inscritos, sendo que 20 destes já participaram nas 3 sessões passadas. Posteriormente é partilhado nas várias redes sociais (facebook, instagram, twitter) o registo dos principais contributos e propostas como Soundbytes. O grupo vê-os Soundbytes como a base de um manifesto paralelo cidadão e que no futuro possa servir de inspiração para a política e políticos europeus.

O Digital abriu hoje estas portas, mas o grupo de amigos não tem receio de dizer que o projeto pode sair das casas para a rua, quando as condições assim o permitirem, mas para já querem dar um passo de cada vez.

Pela Praça já passaram Susana Frexes, correspondente da SIC e Expresso em Bruxelas, Ana Gomes, ex-eurodeputada ou ainda Rui Tavares que foi deputado independente ao Parlamento Europeu. Na plataforma YouTube poderá encontrar as intervenções Iniciais de Ana Gomes na 2ª tertúlia “O Elefante na Sala do Conselho” e de Rui Tavares na última sessão intitulada “Abril na Sombra – Europa/Liberdade/Democracia/COVID.

Por fim, cabe frisar que a praça é aberta ao espetro político de quem vem pela europa, numa lógica integracionista e de defesa dos princípios base da União, do Estado de Direito e dos Direitos Humanos.