Inês Côrte-Real: “Prometo que o meu percurso não vai ficar por aqui!”

Inês Côrte-Real tem 21 anos e participou recentemente no programa The Voice. Com um CD de originais já editado, a jovem artista fala-nos do seu projeto a solo e do caminho que tem percorrido no mundo da música, destacando a importância da participação no programa da RTP.

Quando surgiu a tua paixão pela música? A tua formação musical fê-la crescer? Fala-nos um pouco dessa formação.

 A minha paixão pela música surgiu já em criança. Fazia muitos musicais no colégio onde estudei e havia também concursos de talento. Mas foi a partir dos 13 anos que comecei a assumir mais a música como uma verdadeira paixão. Aprendi a tocar guitarra e isso abriu-me portas para outros caminhos, como cantar, escrever e compor.

A formação musical que tive foi a “básica” de escola. Agora já não tenho mais, apesar de ter noção que me faz muita falta! Mas tenho que me focar também noutros aspectos da minha vida, como a faculdade e, por isso, não tenho muito tempo disponível para fazer tudo.

Participaste recentemente no programa The Voice, da RTP. Nas provas cegas, com a música “Gravity”, conquistaste os quatro mentores, que elogiaram o teu talento e a tua serenidade em palco. Qual foi a razão para teres escolhido a Áurea como mentora?

 Desde o início da sua carreira que acompanho o trabalho da Aurea. Para mim sempre foi uma inspiração e um exemplo, visto ter conseguido chegar tão longe, em tão “pouco tempo”. Por isso, quando soube que ela ia ser mentora, sabia que não ia hesitar caso ela virasse a cadeira! Felizmente consegui conquistar os 4 mentores, o que para mim foi mesmo um dos melhores momentos do The Voice Portugal, mas na minha cabeça já tinha tomado uma decisão há muito tempo. Não podia perder a oportunidade de trabalhar com uma pessoa que admiro já há tantos anos! E não me arrependo um único segundo, da escolha que fiz!

Na primeira gala, na qual cantaste “I won’t give up”, de Jason Mraz, terminou o teu percurso. O que sentiste ao chegar ao fim a tua participação no programa da RTP?

Senti uma tristeza estranha… Triste porque tinha acabado o meu percurso, mas super feliz por ter chegado ao Top 16! Quando entrei no programa, o meu principal objectivo, depois de ter passado nas provas cegas, era chegar às galas em directo, e consegui! Era o que mais queria, a partir daí, o que viesse seria um “super bónus” para mim. Fiquei triste porque sei que podia ter dado muito mais e podia ter feito uma prestação muito melhor, mas senti que ao longo do programa nunca desiludi quem sempre me apoiou e, ainda mais importante, consegui fazer o que a minha mentora me corrigia sempre, passar a mensagem! Por isso saí de cabeça erguida, com muito mais experiência para o meu futuro e com uma maior aprendizagem em relação ao mundo da música!

Em que é que a participação no The Voice te acrescenta enquanto pessoa e, principalmente, enquanto artista?

 O The Voice Portugal fez-me crescer, muito! Não só como artista, mas como pessoa também! Um artista, na minha opinião, não é completo se souber apenas cantar… Temos que saber passar a mensagem, mostrar atitude, mostrar presença em palco e, também, saber ganhar o respeito das pessoas! Quando fui para o The Voice tinha uma ideia em mente, promover o meu álbum e promover-me a mim, enquanto artista… Aquilo que consegui ganhar foi muito mais do que isso! As pessoas olham para mim e ouvem-me enquanto uma cantora que se esforça para fazer o melhor, enquanto pessoa que toca no coração das pessoas! Consegui ganhar o respeito das pessoas enquanto artista e isso para mim, é muito importante!

Cresci muito enquanto pessoa no sentido em que aprendi a olhar para os meus próprios erros e a corrigi-los, aprendi a encarar a pressão e os nervos duma outra maneira, para além de que conheci imensas pessoas fantásticas!

Cresci enquanto artista porque aprendi imenso! Todo o nosso percurso é feito através da nossa aprendizagem… E o The Voice permitiu-me isso! Crescer!

O teu percurso no mundo da música começou antes do The Voice. Em 2014 lançaste o teu primeiro álbum de originais – “Heartbeat” -, constituído por 10 músicas escritas por ti. Sobre o que escreves?

O meu Heartbeat é a minha vida nos últimos 4/5 anos. São histórias pelas quais passei, são histórias que observo, é tudo o que vejo, basicamente, e quero escrever sobre isso.

A maneira de me libertar de certas coisas que vejo ou oiço é através da música e da escrita. Quando escrevo uma música sobre determinado tema, é como se ele saísse da minha cabeça! Nenhuma vida é perfeita, e às vezes focamo-nos demasiado em pensamentos menos bons e momentos da nossa vida menos bons… Com a música, deixo de me focar nisso… É como se me libertasse desses pensamentos!

Que feedback recebeste do público face ao teu projeto?

Recebi mensagens muito positivas! Antes de participar no The Voice, quando actuava em Fnacs ou quando estava a promover o meu Heartbeat, as pessoas já me diziam que a minha voz era muito doce e que o meu álbum era muito bom. Mas, infelizmente, nunca tive a projeção que ambicionei, por isso resolvi participar no programa. E, desde que fiz isso, as mensagens não param de chegar! É muito bom ver que todo o meu esforço e trabalho está a gerar bom feedback e está a ser compensado!

Quão difícil é, para alguém que está no início de carreira, editar e promover um álbum? O panorama musical no nosso país facilita ou dificulta o processo?

 Nesse aspecto, penso que tive alguma sorte… Mas também costumo dizer que a minha sorte deu muito trabalho! Eu já tinha escrito algumas músicas para, quem sabe, um dia editar um álbum e, felizmente, um dia conheci o maestro Armindo Neves (que me ajudou bastante na composição musical) e nessa altura já tinha originais! Foi por causa desse meu trabalho prévio, que consegui editar o meu álbum.

Penso que é difícil, aliás, eu já tenho um cd editado e ainda não cheguei, nem perto, onde quero chegar! Mas eu, também, sou uma pessoa bastante ambiciosa! Contudo, acho que sem se tentar é que nunca se chegará a lado nenhum!

Felizmente, nós temos muito bons artistas em Portugal! Por um lado, dificulta claro, porque não temos um público assim tão grande, para ouvir 5 ou 6 artistas que são minimamente parecidos! Mas por outro, é bom saber que temos grandes vozes a representar (e tão bem) o nosso País! Acho que todos vamos ter as nossas oportunidades, só temos que lutar por elas!

De todas as tuas músicas, qual a que mais tem a ver contigo?

 É-me difícil escolher… O “Hey Boy” fala do meu primeiro amor de adolescência, por isso, sem dúvida que se relaciona bastante comigo, para além de que foi a primeira música que escrevi! Por outro lado, o “Louder” é uma música que se relaciona bastante comigo no sentido da “psicologia” –   de dar força às pessoas, para nunca desistirem do que querem e nunca terem medo de enfrentar o que quer que lhes esteja a fazer mal!

O “You Make Me Go” foi a música que mais gostei de escrever e é a música que mais gosto de interpretar, por toda a história que está envolvida… Lá está, é-me muito difícil de escolher!

Que mensagem pretendes passar ao público com o teu álbum?

 O “Heartbeat” representa todas as histórias pelas quais as pessoas no geral passam! Porque representa o nosso bater do coração… Enquanto o coração bate, escrevemos a nossa história. Enquanto o coração bate, sonhamos com a nossa vida! E isso é algo que é nosso, ninguém nos pode tirar a nossa história, ninguém nos pode tirar os nossos sonhos! E essa é a mensagem mais importante do meu álbum… Enquanto o coração bate, sentimos o coração a bater!

Frequentas atualmente o 4ºano de Psicologia, que dizes ser o teu “plano B”. Em que é que a psicologia e a música se cruzam, na tua vida?

A psicologia ajuda-me a ver o mundo com outros olhos… Foi (e é) um aspecto muito importante quando escrevo, quando componho, quando canto!

Já desde miúda que sei que quero ser psicóloga, porque quero ajudar as pessoas! Agora, com a junção das duas áreas que mais gosto, encontrei outra maneira de o fazer. Toda a gente gosta de música, toda a gente a ouve quando precisam de ultrapassar algo ou quando estão felizes… A música é algo universal, que toda a gente entende. Assim, é “fácil” ajudar alguém com a música, quando esta envolve certos aspectos de força, que podem ser úteis para ultrapassar qualquer obstáculo – e é aqui que a psicologia e a música se cruzam na minha vida.

Por fim, e para que quem segue o teu trabalho possa saber onde te encontrar, queres indicar alguns links de redes sociais onde quem te admira pode ver mais informações sobre ti?

 Claro! Onde estou mais activa é no meu facebook: www.facebook.com/ inescrmusic Também tenho um canal de youtube, onde podem ver algumas actuações ao vivo e outros vídeos: www.youtube.com/inescorterealmusic , sendo que, podem aguardar novidades para breve! 😀

Claro que depois me podem seguir também no instagram: inescrmusic , para ter acesso a conteúdos mais “pessoais” da minha vida, sem ser relacionado só com a música 🙂

Obrigada pela fantástica entrevista, pôs-me a pensar em certos assuntos que nunca tinha pensado!

E obrigada a todos os que me têm apoiado constantemente! Prometo que o meu percurso não vai ficar por aqui! Beijinhos a todos 🙂

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Por: Joana Veríssimo – Estudante de Jornalismo na Universidade de Coimbra