Houve Sarau de Leitura na Biblioteca Municipal de Cantanhede

Cerca de 100 pessoas participaram a 7 de outubro, no X Sarau de Leitura realizado na Biblioteca Municipal de Cantanhede, intitulado A Gândara, por Idalécio Cação.

A iniciativa foi organizada pelo Clube de Leitura deste equipamento cultural e foi dedicada inteiramente ao escritor Idalécio Cação, falecido em Dezembro de 2016, e ao retrato que o mesmo faz, na sua obra, da Gândara. Idalécio Cação, apelidado, por muito dos seus pares, como “mestre das letras gandaresas”, escreveu com mestria e rigoroso sentido estéticolinguístico sobre as vivências gandaresas que tão bem conheceu.

O Sarau de Leitura, este ano na sua décima edição, inscreveu-se no plano de atividades da Biblioteca Municipal e do seu Clube de Leitura cujo objetivo é criar uma comunidade de leitores interessados em partilhar o prazer de ler e as suas experiências resultantes de leituras pessoais, promovendo, em torno do livro e da leitura, um espaço informal de fruição de textos literários, em prosa e em poesia.

O Clube de Leitura reúne-se quinzenalmente na biblioteca municipal, para partilhar leituras, desenvolvendo atividades sempre relacionadas com os livros e a leitura, culminado anualmente estas iniciativas com a realização do Sarau de Leitura de Poesia.

O evento contou também com momentos musicais a cargo do Cantemus – Coro Juvenil do Município de Cantanhede e da Tuna dos Serviços Sociais dos Trabalhadores do Município de Cantanhede.

Sobre Idalécio Silva Cação

 Idalécio Silva Cação nasceu a 22 de Março de 1933, em Lafrana, freguesia de Alhadas, concelho da Figueira da Foz. Fez os estudos secundários na Escola Comercial e Industrial da Figueira da Foz, onde concluiu o Curso Geral de Comércio. Com 21 anos, fixou-se no concelho de Aveiro, onde constituiu família. Teve três filhos, Cristina, Rui e Cláudio Cação.

Em 1977, licenciou-se em Filologia Românica, pela Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, e lecionou nas Universidades do Minho e de Aveiro até à sua aposentação.

Fez teatro amador, no Círculo Experimental de Teatro de Aveiro, tendo sido simultaneamente seu dirigente. Foi militante da oposição democrática, tendo feito parte da Comissão Administrativa da Câmara Municipal de Aveiro (Pelouro da Cultura), aquando do 25 de Abril. Por essa altura, foi cofundador do semanário aveirense “Libertação” e membro da sua redação. Enquanto professor, pertenceu à Direção do Sindicato dos Professores da Região Centro.

Idalécio Cação colaborou em vários jornais e revistas, como o “Diário Popular”, o “Jornal de Notícias”, na “Vértice”, “Seara Nova”, “Caderno de Literatura da Universidade de Coimbra”, entre outras. Publicou em diversas antologias, das quais se destacam “Poesia 71”, “Coisas para contar”, “Cântico em honra de Miguel Torga”, “Caminhando pela Rota de Carlos de Oliveira” ou “Antologia de Ficcionistas Gandareses”.

Publicou dois livros de poesia, “Nas fronteiras do tédio” e “As evidências e o Prisma”; três livros de contos, “Raízes na areia”, “Daqui ouve-se o mar” (Prémio Literário Miguel Torga,1991), “O chão e a voz”; três livros de apontamentos de etnografia e lexicografia, “A Gândara antiga”, “Sobre a Gândara e a casa gandaresa” e “Glossário de Termos Gandareses”; um livro de crónicas, “Crónicas gandaresas” e dois romances, “Memória de João Garcia Bacelar” e “Do alto destas ameias” (Prémios Tomaz de Figueiredo, 2005 e Menção Honrosa do Prémio Afonso Duarte, 2008, respetivamente).

O seu último romance, “O cerco”, foi publicado, postumamente, no passado dia 13 de agosto, na freguesia de Moinhos da Gândara, Figueira da Foz, onde lhe foi prestada uma homenagem e inaugurada uma biblioteca, um largo e um memorial com o seu nome.