Governo pede a escolas que se preparem para aulas à distância

Diretores escolares estão preocupados com a falta de meios informáticos e de condições familiares para estudar em casa, caso os alunos sejam obrigados a voltar ao ensino não-presencial.

O Ministério da Educação está a pedir às escolas que se preparem para a hipótese de adotar o ensino à distância, após estas duas semanas decretadas em que os alunos estão em casa, sem aulas, devido ao agravamento da pandemia de Covid-19.

Num e-mail enviado às escolas, através da Direção-Geral dos Estabelecimentos Escolares, a tutela pede que seja preparado, entre outras medidas, o ensino não presencial.

O período de “férias forçadas” em casa dos alunos termina no dia 8 de fevereiro. Será nessa altura que o Governo decidirá se as aulas devem continuar em regime presencial, ou se é adaptado um tipo de regime misto ou até mesmo não-presencial.

Em declarações à TSF, Filinto Lima, presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas, garante que as escolas estão prontas para acionar o ensino à distância, se isso for necessário.

Para que este cenário seja possível, é fulcral que todos os alunos tenham acesso aos meios informáticos necessários – e, até ao momento, o Ministério da Educação não cumpriu a promessa feita de, este ano, dotar todos os alunos de um computador.

Apesar disso, Filinto Lima considera que as escolas estão “melhor apetrechadas” de meios informáticos do que no último ano letivo: até agora, chegaram às escolas 100 mil computadores, que foram atribuídos sobretudo a alunos do ensino secundário que dispõem de Ação Social Escolar.

Falta, no entanto, cumprir o resto da promessa – e, se for decretado que o ensino não-presencial será para os alunos de todos os ciclos, a falta de computadores pode constituir um problema.

Mas as preocupações de Filinto Lima vão além dos meios informáticos. O presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas lembra que “há muitos alunos que não têm sequer uma mesa de trabalho onde colocar esse computador, nem um ambiente familiar produtivo ou até mesmo uma refeição quente à hora de almoço e jantar”.

“Não podemos pensar só no computador. A educação de barriga vazia não se faz”, alerta.

É preciso equacionar todos estes fatores, antes de tomar uma decisão quanto à natureza do regresso às aulas no próximo dia 8 de fevereiro, defende.

Se esse regresso às aulas é presencial, não-presencial ou misto, cabe ao primeiro-ministro dar a resposta, mas é importante que seja sustentada numa base científica, sublinha Filinto Lima.

“O ensino presencial era o que todos mais queríamos”, afirma. “Faltam duas semanas, o tempo é curto. Urge fazer previsões e tomar decisões, mas essas decisões têm de estar sustentadas nos pareceres dos peritos de saúde”, reforça.

Rita Carvalho Pereira