Foi Dinamite, foi um “Amor de Água Fresca”. Morreu a cantora Dina, aos 62 anos

Dina, nome artístico de Ondina Veloso, tinha 62 anos. A cantora estava afastada dos palcos por causa de uma fibrose pulmonar, diagnosticada em 2006. Velório realiza-se desde as 17:00 de hoje na Igreja Paroquial de São Tomás de Aquino, em Lisboa.

A cantora faleceu no Hospital Pulido Valente, em Lisboa, confirmou o SAPO24 junto de fonte hospitalar. Detalha a RTP que a morte terá ocorrido na noite desta quinta-feira, 11 de abril.

Dina aguardava por um transplante de pulmão desde 2018. Em declarações à imprensa nesse ano, a cantora referiu que tinha dificuldades em respirar sem a ajuda de uma botija de oxigénio.

“Guardado em Mim”, “Pássaro Doido”, “Há Sempre Música Entre Nós”, “Em segredo”, “Gosto do teu gosto”, “Pérola, rosa, verde, limão, marfim”, “Amor de Água Fresca” e “Aguarela de Junho” são alguns dos êxitos da cantora.

Dina nasceu a 18 de junho de 1956, em Carregal do Sal, no distrito de Viseu.  A carreira na música começou a meio da década de 1970 quando foi compositora e deu voz Quinteto Angola e se apresentou no programa de televisão “Nicolau no País das Maravilhas”, que tinha uma rubrica dedicada aos novos talentos, com uma canção original, a partir de um poema de António Gedeão.

Viria a tornar-se conhecida do grande público em 1980, no XVII Festival RTP da Canção, quando apresentou o tema de sua autoria “Guardado em Mim” (com poema de Eduardo Nobre).

Em 1982 concorreu novamente ao festival com as canções “Em Segredo” e “Gosto do Teu Gosto”, tendo alcançado um 6º lugar. No mesmo ano editou o primeiro álbum, “Dinamite”, e deu voz a um dos temas principais da primeira telenovela portuguesa “Vila Faia”, na RTP. Anos mais tarde, em 2001 e 2002, voltou a ser convidada para compor a banda sonora de outras telenovelas, desta vez “Filha do Mar” e “Sonhos Traídos”, respetivamente, na TVI.

O segundo álbum, “Aqui e Agora” só chegaria em 1991, mas nesse tempo continuou a compor e colaborou com vários músicos, entre os quais Carlos Paião, com quem gravou o dueto “Quando as nuvens chorarem”.

Em 1992 venceu o Festival da Canção com “Amor de Água Fresca” (poema de Rosa Lobato Faria), tendo conseguido apenas o 17.º lugar na Eurovisão que esse ano se realizou em Malmö, na Suécia.

Próxima do CDS, Dina deu voz ao hino dos centristas em 1995, “Para a Voz de Portugal ser Maior“A letra refletia um contexto, aquela época, o espírito de mudança que se vivia quer no CDS quer no panorama nacional”, lembrou em 2016 Manuel Monteiro à Visão. Com a saída deste do partido, numa ruptura com Paulo Portas, e depois da criação do Nova Democracia (PND), Dina seguiu Manuel Monteiro e ofereceu-lhe um novo hino, uma vez mais com letra de Rosa Lobato de Faria.

Comemorou 30 anos de carreira com um concerto no Jardim de Inverno do Teatro São Luiz, em Lisboa, em setembro de 2009. Em 2012 anunciou que se afastaria dos palcos e em 2016 mais de uma dezena de músicos nacionais reuniram-se em dois concertos de despedida, em Lisboa e no Porto. “Dinamite”, o nome do primeiro álbum editado por Dina, em 1982, deu mote aos espectáculos que contaram com a participação de Ana Bacalhau, Da Chick, Best Youth, Mitó Mendes, Samuel Úria, Márcia, B Fachada, D´Alva e Tochapestana.

“Já não tenho capacidade pulmonar para suster uma nota. Canto uma canção e fico muito cansada”, revelou a cantora numa entrevista de vida ao Observador, em antecipação dos concertos.

O velório realiza-se desde as 17:00 de hoje na Igreja Paroquial de São Tomás de Aquino, em Lisboa, disse à agência Lusa fonte próxima da família. Segundo a mesma fonte, o funeral, reservado a familiares e amigos da cantora, está marcado para as 14:00 de sábado, no Cemitério dos Olivais.

Lusa / Madremedia