Fingertips levam emoção ao último dia do Festival das Francesinhas

O último dia do Festival das Francesinhas, em Peso da Régua, ficou marcado pela atuação dos Fingertips. O ano de 2018 marca o regresso de Zé Manel à banda que está de volta aos palcos para comemorar 15 anos de carreira.

Energia, emoção e união foram as palavras de ordem do concerto que teve início por volta das 22h30. Durante certa de 90 min, foram recordados grandes êxitos que marcaram estes 15 anos de Fingertips, incluindo “Picture Of My Own” (2003), “Cause To Love You” (2006) e “Melancholic Ballad” (2003). Houve ainda espaço para ouvir o primeiro original de 2018: “My Everyday”, cuja letra o público já sabe decor.

Horas antes do concerto, o Jornal Mira Online esteve à conversa com Zé Manel sobre o seu regresso à banda e a influência que a música assume na união entre todos.

Fotografia gentilmente cedida por: Fingertips

Estão prestes a atuar no Festival das Francesinhas. Entusiasmados para logo à noite?

Claro que sim. Tem sido um verão simpático para nós e estamos muito entusiasmados. Não só porque estamos a fazer quinze anos de história e este é o ano que marca a nossa reunião, mas também porque está a ser um verão muito gratificante.

Como referiste, o ano de 2018 marca o teu regresso aos Fingertips. A música pode ser sinónimo de união?

Tenho a certeza. Acho que a música pode ser sinónimo de muitas coisas. Pode ser a nossa terapia, o nosso grande amor, pode ser sinónimo de intervenção política, de união entre as pessoas… E acho que foi, essencialmente, a música que nos juntou. Acho que foi o nosso legado, aquilo que deixámos para trás e o carinho que as pessoas continuaram sempre a dar-nos, mesmo estando separados durante este tempo todo, que fez com que nos fizesse sentido voltar a tocar estas músicas juntos.

E tu tinhas essa vontade de voltar?

Sendo sincero, acho que da parte de todos nós, há um ano, isto era impossível. Nenhum de nós imaginaria sequer que isto poderia voltar a acontecer. Tanto é que eu estou a gravar o meu terceiro disco de originais a solo e, de repente, quando surgiu esta hipótese de contacto, eu tive de reestruturar toda a minha vida para fazer esta reunião. Mas só neste ano é que faria sentido, porque só este ano fazemos quinze anos de história e foi o pretexto ideal para nos reunirmos de novo.

Como é que surgiu essa hipótese de se voltarem a reunir?

Foi uma coisa muito casual, porque o baterista de Fingertips também continuou sempre a trabalhar comigo. E ele, tal como eu, esteve no processo inicial da banda e, entretanto, decidiu acompanhar-me também a solo e foi através do Jorge (baterista) que foi feito o contacto. O nosso manager falou com ele para saber se haveria interesse e disponibilidade para assinalarmos os nossos quinze anos de carreira. E quando nos encontrámos todos no estúdio parecia que tinha sido ontem. Foi como voltar a casa.

Foi como se não se tivessem separado…

Foi. Sem dúvida. Parece que foi ontem. Parece quando tu sais de casa dos teus pais para estudar fora e, de repente, voltas a casa e está tudo igual (risos).

Já há muitas bandas que começaram por cantar somente em inglês e que, atualmente, já inserem o português no seu reportório. A solo, tu também já cantas em português. Os Fingertips vão continuar a cantar sempre em inglês?

Na Arte, o futuro deve estar sempre em aberto. Aliás, eu acho que nenhum artista deve pôr de parte a hipótese de abraçar outros estilos musicais ou outros idiomas se a Arte assim o justificar. Neste momento, os Fingertips querem manter a sua identidade até porque estamos a celebrar quinze anos de história e as pessoas que gostam do nosso trabalho sempre nos ouviram em inglês. No meu projeto pessoal, eu comecei também a cantar alguns temas em português e, aliás, o meu terceiro disco a solo é o primeiro integralmente em português.

O facto de teres trabalhado tanto tempo sozinho pode ajudar-te a acrescentar alguma coisa de novo aos Fingertips?

Tenho a certeza. Tal como o facto de eles terem tido outras experiências e terem trabalhado com outras pessoas. Nós decidimos seguir caminhos diferentes em 2009 e estamos a juntar-nos novamente em 2018. Portanto, são alguns anos separados em que nenhum de nós parou. Durante estes anos tivemos outros desafios e claro que isso nos enriquece enquanto seres humanos e profissionais. Acho que, hoje em dia, trazemos muito mais riqueza para a banda. Eu sinto isso mesmo em termos artísticos. Em 2018, os Fingertips dão concertos muito melhores que em 2009 e isso também é fruto do nosso trabalho individual.

Referiste há pouco que estão a comemorar os vossos quinze anos de carreira. Ainda há músicas que vocês têm mesmo de cantar em todos os concertos mesmo tendo passado já quinze anos?

Claro que sim. Aliás, eu acho que muito ingrata é a banda que não tocar os êxitos pela qual é conhecida. Nós devemos isso ao público. Se nos fez sentido reunirmo-nos tanto tempo depois é precisamente porque existem esses êxitos que continuam na memória das pessoas e que elas continuam a querer ouvir.

A imagem também é importante?

Geralmente, sim. Quando estamos em cima do palco, quando damos uma entrevista… Claro que sim. Como em qualquer profissão, eu acho que um artista tem de distinguir a sua vida pessoal do seu trabalho. E quando estou em cima do palco estou a trabalhar e tenho a minha roupa de trabalho.

Daqui para a frente, o que nos vão dar os Fingertips?

Nós tentamos levar um dia de cada vez, porque foi uma banda que nos marcou muito a todos. Foi com eles que eu percebi que queria isto para a minha vida. Foi juntos que atingimos os nossos picos de sucesso. Mas quando nos separámos foi uma fase de muita saturação em que, realmente, precisávamos de nos descobrir de outras formas e abraçar outros desafios porque já não nos estávamos a fazer bem uns aos outros. Felizmente, nenhum de nós parou. E portanto, é como te disse, há um ano, esta reunião era impossível. Agora, neste momento que está a acontecer, temos estado a digerir o resultado. Temos estado a viver um dia de cada vez. Há da nossa parte, realmente, uma intenção de fazer mais com os Fingertips. Para o ano, tenho de me dedicar ao disco que deixei parado que está quase a sair. Mas aquilo que eu gostava era de conseguir conciliar os projetos porque são-me os dois igualmente importantes, têm os dois o seu público e acho que, em termos artísticos, são os dois cada vez mais diferentes.

Achas que o facto de se reunirem pode, de facto, unir os vossos diferentes públicos?

Acho que sim. Quando saí da banda, houve fãs da banda que continuaram a seguir-me e outros nem tanto. Mas todos estes anos depois, muitos dos fãs que acompanham o trabalho de Darko começaram a vir também aos concertos dos Fingertips. Muitos deles estão quase como a redescobrir a banda agora. Ver que as pessoas transitam de um projeto para o outro é muito interessante. E, lá está, a música une toda a gente.

Se fosse tirada uma fotografia dos Fingertips neste preciso momento, o que seria captado?

De mim, em dias de concerto, a fotografia que vão apanhar será sempre deitado a dormir (risos). Mas, se nos tirassem uma fotografia a todos neste momento, acho que iam encontrar o que não encontrariam quando nós trabalhámos juntos no passado. No passado, encontrariam um conjunto de jovens que estavam a viver um sonho de maneiras muito egoístas. Neste momento, acho que encontram um grupo de semi-cotas muito divertidos e muito mais unidos (risos). E também muito mais experientes e profissionais. No fundo, a viver isto de uma forma muito mais relaxante e sem pressão.

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Cátia Barbosa